O piloto do helicóptero estacionado no heliporto dos Bombeiros Voluntários de Pernes, em Santarém, recusou levantar voo duas vezes esta quinta-feira.
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A situação foi reportada à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) pelo Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém, confirma o comandante David Lobato.
"No dia de abertura do Centro de Meios Aéreos [início de julho], o piloto não fez qualquer saída, porque alegou não ter condições", revela ao JN o comandante dos Bombeiros Voluntários (BV) de Pernes, José Viegas. Esta quinta-feira, a situação repetiu-se, ao recusar levantar voo nas duas vezes em que foi solicitado o apoio do helicóptero, por parte do CDOS, para combater incêndios florestais.
Apesar de a decisão de voar ser da exclusiva responsabilidade do piloto, José Viegas garante que "não houve alterações significativas nas condições atmosféricas, em relação aos dias anteriores", pelo que manifesta dificuldade em perceber a posição do piloto, que está a trabalhar no heliporto de Pernes pela primeira vez.
Outro piloto fez todos os voos
"Nos dez dias em que esteve de férias, foi substituído por outro piloto e nunca houve qualquer problema", assegura o comandante dos BV de Pernes. Confrontado com a possibilidade de a localização do heliporto não ser a mais adequada, José Viegas é taxativo. "É um heliporto com mais de 20 anos, importante em termos operacionais", sublinha. "Em 2020, foi o que teve mais intervenções a nível nacional."
David Lobato confirma que o piloto tem autonomia para decidir se estão reunidas condições para usar o helicóptero. Contudo, face às recusas em levantar voo, admite que "terá uma noção mais rígida do que é segurança". Os casos têm sido reportados à Autoridade Nacional, de quem o comandante distrital de Santarém "aguarda indicações" sobre como proceder.
"A utilização de meios aéreos permite fazer uma primeira intervenção, que dá para atrasar a progressão do incêndio, para permitir a entrada dos meios terrestres em ação", explica David Lobato. "Pode fazer a diferença, sobretudo, pela velocidade e em zonas de difícil acesso", acrescenta.
Apesar de a temperatura ter atingido 43 graus em Santarém, David Lobato diz que ao longo do dia houve "algumas reativações", já que o incêndio de Ourém estava em fase de conclusão. No entanto, os corpos de bombeiros de Santarém estiveram envolvidos com "mais força" nos concelhos de Leiria, Alvaiázere e Pombal, no distrito vizinho de Leiria.
O JN falou com o piloto em causa, que remeteu explicações para a empresa para onde trabalha, por não estar autorizado a prestar declarações. É a Força Aérea que contrata os meios civis.