Centro de Recursos para a Inclusão Digital quer pôr crianças cegas, surdas, com baixa visão, com défice cognitivo e sem dificuldades a ler em conjunto.
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O Centro de Recursos para a Inclusão Digital (CRID) do Politécnico de Leiria vai lançar, este ano, um livro infantil inclusivo sobre ambiente e outro sobre as lendas da região para a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho. A maior editora de livros multiformato do país passará, assim, a ter 15 obras editadas para crianças com deficiência ou problemas cognitivos.
Célia Sousa, coordenadora do CRID, revela ao JN que em cima da mesa está ainda a possibilidade de editar uma obra em português e em francês, alusiva aos Jogos Olímpicos, que decorrerão em 2024, em Paris. "Queremos valorizar a nossa língua, que é muito maltratada, apesar de ser a quarta mais falada do mundo."
No ano passado, o CRID editou "O sonho da Laurinha", o primeiro título em português europeu e em português do Brasil, que arrebatou o Prémio Confúcio da Alfabetização da Unesco, pelo "potencial de trabalhar a alfabetização em grande escala". Escrito por Célia Sousa e pela brasileira Carina Alves, presidente do Instituto Incluir, o livro está a ser distribuído numa favela no Brasil e, em fevereiro, vai chegar a África.
Outras formas de ler
"A ideia é que todas possam ler em conjunto: cegos, surdos, com baixa visão, com défice cognitivo e sem dificuldades", sublinha Célia Sousa. Apesar de o trabalho do CRID ser reconhecido no estrangeiro, lamenta que não seja tão valorizado em Portugal. "No ano passado, estivemos, pela primeira vez, nas feiras do livro de Lisboa e do Porto, a convite da Acapo - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, no Folio - Festival Internacional de Literatura de Óbidos, e em três feiras do Brasil."
"As aventuras da raposa 4G" foi o último livro editado pelo CRID. Passado no Pinhal de Leiria e na Lagoa da Ervedeira, fala na importância de cuidar do ambiente e como agir em caso de incêndio e de sismo. Escrito para todas as crianças, proporciona uma visita virtual à Lagoa da Ervedeira, através de imagens reais.
Evolução constante
Desde a publicação de "O Verdinho Sonhador", há 13 anos, em audiolivro, com pictogramas e versão em braille, os livros editados pelo CRID tornaram-se cada vez mais inclusivos. "Como fazemos investigação, estamos sempre a tentar melhorar."
Digital atrai
O Códigos QR passaram a ser um elemento indispensável nos livros multiformato, o que agrada às crianças, porque lhes permite aceder, através do telemóvel, a ilustrações, filmes, legendas, audiodescrição e ver o intérprete de língua gestual.