Ponte de Lima: "Alguns jardins são muito criativos, especialmente os dos jardins de infância"
O Festival Internacional de Jardins, que decorre em Ponte de Lima, até 31 de outubro, tem este ano como tema “Jardim da Paz, Jardim para a Paz” e reúne 11 jardins efémeros de autores de 12 países e ainda o “Jardim Dinamarquês”, que o público escolheu como o melhor da edição anterior.
Corpo do artigo
Os Rui Silva - pai e filho com o mesmo nome – tiraram o primeiro domingo de junho para visitar o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, dois dias após a sua abertura. Deslocaram-se do Porto para cumprir uma vontade que traziam desde 2024, quando percorreram juntos o caminho de Santiago, e ao pararem em Ponte de Lima, foram conhecer o espaço. Desta vez, visitaram demoradamente o festival que tem como tema “Jardim da Paz, Jardim para a Paz” e reúne 11 jardins efémeros de autores de 12 países, e mais um, o “Jardim Dinamarquês”, que o público escolheu como o melhor da edição anterior.
“No ano passado gostamos, voltamos e voltaremos outra vez, de certeza. É um festival que não conheço outro igual. A ideia é muito bonita, o sítio e a envolvente também. Ponte de Lima é um sítio ótimo para fazer um festival assim. Pessoalmente não conheço outro festival de jardins, e como gosto muito de natureza e de jardins, é um sítio que virei sempre visitar”, afirmou Rui Silva, pai, médico de profissão, considerando também que paz “foi um tema muito bem escolhido e não podia estar mais atual”.
“Os jardins estão muito bem concebidos e fazem jus ao tema”, comentou.
Mais novos em destaque
“A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos”, a citação de Albert Einstein, em letras grandes recebe o visitante, no primeiro jardim instalado (do lado esquerdo) à entrada do evento.
A construção de autores portugueses e que tem o título “Caminhos de Paz, caminhos de(a) vida”, acolhe com flores, borboletas e corações de vários tamanhos e formatos. O jardim seguinte da autoria de estudantes da Áustria, Eslováquia e Holanda, pede uma visita mais demorada a quem gosta de origami. Com o nome “Dobrar a paz” e inspirado na história de uma jovem que desenvolveu leucemia, como efeito da bomba de Hiroshima (1945).
“Doces para a Paz” do Brasil; “Peace Garden, A Garden for Peace” da República Checa; “Engawa” da Espanha; “Awaken” dos Estados Unidos da América; “Paz Total” da Colômbia; “Re-Imagining Peace” dos Estados Unidos da América; “Museu Jardim da Luta dos Povos Indígenas” do México; “La Paix entre L’Homme et La Nature” da França; “Catarsis Garden” de Portugal, são os jardins que se seguem.
Rui Silva, filho, estudante de Engenharia Informática, destacou o trabalho dos “artistas” mais novos, também presente com a 10ª edição do Festival de Jardins Escolinhas de Ponte de Lima, que decorre dentro do próprio festival. E este ano inclui uma construção de uma escola de Xinzo de Limia (Espanha).
Paz, tranquilidade e pássaros
“Alguns jardins são muito criativos, especialmente os dos jardins de infância. Gosto muito de ver esses. São os mais criativos”, comentou.
No dia desta reportagem, os visitantes espanhóis destacavam-se pela afluência. De Vigo, Espanha, vieram Isolina com as filhas Isolina, Luzia e Maria Luisa, e a neta Noa, que passeavam no festival procurando sombras para escapar ao sol quente de domingo. “Estamos encantadas. É tudo bonito. Sentimos paz, tranquilidade, música, pássaros, natureza”, comentou Lucia, adiantando que o grupo se encontrava hospedada numa casa de turismo rural.
De Pontevedra, também do país vizinho, pernoitaram em Ponte de Lima e no domingo visitaram o espaço Alba, a mãe Rocío e o irmão, Micael.
Festival atrai 100 mil por ano
“Os jardins que gostamos mais foram aqueles mais naturais, com os seus aromas, e que estão mais integrados na natureza. Há muitos com elementos artificias”, notou Alba. E o irmão que visitou pela segunda vez o evento e, desta vez, trouxe a família, mostrou-se “muito surpreendido” com “dois ou três jardins, pelo aspeto artísticos e pelos materiais”. “Estamos habituados a jardins mais densos, com muita vegetação”, concluiu.
Segundo a Câmara de Ponte de Lima, o festival recebe anualmente cerca de 100 mil visitantes. Mais de 1,9 milhões nos últimos 20 anos.
O festival de jardins de Ponte de Lima nasceu em 2005. Cumpre este ano a 20ª edição e já acolheu desde a sua criação um total de 240 jardins, tendo recebido propostas de candidatos de 37 países.