Quem faz a travessia diariamente queixa-se do estado de degradação e de situações de perigo. APDL diz que vai substituir cobertura pedonal.
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"Há falta de manutenção" e "de dia para dia a situação vai piorando". A constatação é dos transeuntes que atravessam diariamente a ponte móvel de Leixões, entre Matosinhos e Leça da Palmeira. Para além dos sinais claros de vandalismo, como paredes grafitadas e vidros partidos, há falta de limpeza e de conservação, com peças em ferro em avançado estado de degradação, elevadores muitas vezes avariados e o piso metálico danificado.
Contactada pelo JN, fonte da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) esclareceu que há "um projeto para a proteção anticorrosiva da ponte que inclui a substituição da cobertura pedonal por uma nova", sem detalhar quando tal será feito. Ainda assim, é referido que "encontra-se numa fase mais adiantada do que o projeto de alterações estruturais" da ponte.
Do mesmo modo, a APDL referiu que "faz limpeza e manutenção diária deste equipamento e dos seus acessos, nomeadamente elevadores, escadas e acesso pedonal", acrescentando que "os elevadores se encontram-se em funcionamento, apesar do vandalismo a que são permanentemente sujeitos".
"Esta ponte é uma vergonha! Ninguém acredita, olhando para o estado em que está, que tem apenas 14 anos", disse ao JN Artur Santos, 71 anos, garantindo que "os elevadores estão quase sempre avariados".
"Um verdadeiro perigo"
Mariana Costa, 24 anos, fala da "falta de limpeza, muito visível na sujidade das escadas e dos corrimões de acesso à ponte", apontando vários detalhes da "falta de manutenção": "Nas portas dos elevadores, tanto do lado de Leça como de Matosinhos, estiveram até quinta-feira passada (dia 27) dois avisos a informar que a ponte estava encerrada, quando reabriu no passado dia 11".
Do mesmo modo, Mariana referiu que "até grafitaram o "O" de Leixões, por a letra ter caído e nunca mais terem voltado a pôr outra".
Já a Mónica Pereira, 44 anos, incomoda-a mais "que o piso esteja, ao longo de toda a travessia, um verdadeiro perigo, a levantar-se, sem que ninguém trate de revolver a situação".
"São pilares com parafusos todos ferrugentos a desfazerem-se, são os altifalantes que emitem o aviso de que a ponte vai abrir todos partidos e seguros por abraçadeiras de plástico e vidros estilhaçados, rentes ao chão, que podem ser um perigo para as crianças", enumerou outro transeunte, que preferiu não se identificar.
De acordo com a APDL, "a substituição dos vidros está em preparação e será executada muito brevemente".
A APDL garante que "duas vezes por ano faz uma lavagem em profundidade da ponte móvel, o que implica o seu encerramento por espaços de tempo curtos, durante a noite".
Relatório
De acordo com fonte da APDL, "o projeto de alterações estruturais [da ponte móvel] só terá início após as conclusões do grupo de trabalho, coordenado pelo Instituto da Ciência em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial".
Avarias
Desde que foi inaugurada, a travessia já esteve encerrada cinco vezes devido a avarias: em 2013, 2018, 2019, 2020 e 2021. Terá de voltar a fechar para resolver problemas estruturais.
Há 11 anos já havia queixas sobre a limpeza
A falta de manutenção e de limpeza da ponte móvel de Leixões já foi tema de capa do JN a 28 de setembro de 2010. Na altura, a população queixava-se de que a travessia não era limpa desde que tinha sido inaugurada, há três anos. Havia painéis de acrílico partidos e os elevadores eram usados como quarto de banho. A APDL prometia reforçar a fiscalização.