População de Laundos e Rates, na Póvoa de Varzim, farta do mau cheiro em Barcelos, decidiu manifestar-se nesta quarta-feira.
Corpo do artigo
Ganharam um "pivete insuportável", perderam qualidade de vida e temem pela saúde. Os moradores de Laundos e Rates, na Póvoa de Varzim, estão, há um ano, desesperados com o mau cheiro exalado pelo aterro da Resulima, ali ao lado, em Paradela, Barcelos. A Resulima tinha 180 dias para resolver o problema, mas após sete meses nada mudou. A Câmara vai exigir em tribunal o fecho da unidade. Os moradores, que nesta quarta-feira se manifestaram à porta da empresa, avisam: "Se nada mudar, a luta vai endurecer".
"É o cheiro e as moscas! Não se pode abrir uma janela, não se pode pôr roupa a secar e até os legumes do quintal ficam com cheiro", explica António Gomes, que mora a um quilómetro do aterro.
Nas juntas de Laundos e Rates, os presidentes Félix Marques e Paulo João Silva já perderam a conta às centenas de reclamações recebidas. O aterro de Paradela começou a funcionar em janeiro. Custou 28 milhões, está a 200 metros da Póvoa, mas pertence à Resulima, de Barcelos, Esposende, Viana, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Ponte de Lima.
Os problemas começaram no primeiro dia. Em março, pressionadas pelas reclamações, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), a Agência Portuguesa do Ambiente e a ARS do Norte fizeram uma vistoria.
Os resultados foram claros: forte odor, lixo depositado sem tratamento, a céu aberto, deficiente cobertura e tempo de compostagem inferior. Deram à Resulima 180 dias para resolver, que já terminaram mas o resto não. "19,8 milhões do Portugal 2020 para viver neste pivete?", dizia um cartaz.
Sílvia Costa, vereadora do Ambiente, juntou-se ao protesto. Garante que o aterro "funciona mal" e "descredibiliza" o tratamento de resíduos. "A tecnologia existe. Haja vontade", frisa. Agora, com a "via diplomática esgotada", a Câmara vai avançar para tribunal. "Não temos qualquer feedback da Resulima e a CCDR-N já nem nos responde", lamenta.
Contactada pelo JN, a Resulima garante que opera "seguindo as melhores técnicas disponíveis" e que, nos últimos meses, tem implementado medidas para minimizar os impactos do aterro.