Câmara de Matosinhos e IP acertam agulhas para que o transporte de passageiros volte a ser uma realidade.
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A Câmara de Matosinhos continua em negociações com a Infraestruturas de Portugal (IP) no sentido da Linha de Leixões voltar a ser adaptada ao transporte de passageiros. Os estudos realizados mais recentemente não contestam as "inegáveis vantagens" do canal ferroviário, com uma possível ligação à rede do metro na Asprela ou podendo mesmo a linha ser aproveitada como extensão da linha de Alta Velocidade, de Campanhã.
A população que reside nos centros urbanos por onde passa esta linha, atualmente utilizada apenas pelo transporte ferroviário de mercadorias, aguarda com expectativa por novidades, quer da autarquia matosinhense, quer da tutela que, questionada pelo JN, não ofereceu pormenores sobre o futuro da infraestrutura. "Antigamente, todos os dias, partiam e chegavam centenas de pessoas. Havia muita indústria e o pessoal vinha de todo o lado para trabalhar nas fábricas", recorda Álvaro Pereira, 84 anos, e que sempre residiu em S. Mamede de Infesta. "No verão era o melhor transporte para irmos à praia", acrescenta.
Outros modos de transporte
Os tempos passaram e outros modos de transporte substituíram a ferrovia. A linha foi inaugurada em 1938 e terminou serviço em 1987. Entre maio de 2009 e janeiro de 2011, voltou a receber carruagens de passageiros numa experiência que acabou por não resultar por falta de procura. "A reposição não foi bem pensada porque esqueceram-se dos interfaces. A linha não pode terminar em Leixões sem ligação a coisa nenhuma. Tem de seguir para Ermesinde e, na zona do Hospital de S. João, ter conexão com o metro do Porto", considera José Moreira, proprietário de um restaurante mesmo em frente à estação de S. Mamede.
A Câmara continua em negociações com a IP, em busca de uma solução que possibilite a adaptação da linha a passageiros. Numa recente reunião do executivo municipal, Luísa Salgueiro adiantou essa informação sem, contudo, dar mais pormenores. Também há pouco mais de um ano, o Conselho Metropolitano do Porto aprovou a realização de um acordo com a IP com vista à realização de estudos para a reabertura da linha ao transporte de passageiros e a possível extensão à Alta Velocidade.
"Para a população era importante ter um transporte à porta e de ligação direta ao Porto", diz Maria Lamas, residente em Leça do Balio. Ainda nada se sabe da análise que foi ou está ainda a ser feita, da viabilidade técnica e ambiental, de possíveis estudos de procura e análises custo/benefício. Uma das implicações da retoma do serviço seria a duplicação da linha e a relocalização de estações.