Várias dezenas de milhar de pessoas responderam, este sábado, no Porto, à chamada da CGTP "Contra a Exploração e o Empobrecimento", numa manifestação descrita pela intersindical como "uma das maiores dos últimos anos na cidade".
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"Pecando, talvez, por defeito, diria que arriscamos ter aqui mais de 40 mil pessoas, no que é uma das maiores manifestações dos últimos anos na cidade do Porto", afirmou o coordenador da União de Sindicatos do Porto (USP), João Torres, numa intervenção na Praça da Liberdade.
Por entre cartazes e palavras de ordem apelando à mudança "de política e de Governo", ao fim das "injustiças sociais" e à "luta nas empresas e na rua", o dirigente sindical resumiu: "O objetivo é correr com este Governo o mais rápido possível, porque é um Governo criminoso que está a matar o país, os trabalhadores e a esperança".
"Por muito que [o Governo] diga que vai esticar a corda sem a partir, a verdade é que, infelizmente, ela já partiu para muita gente", afirmou João Torres, apontando a crescente "frequência de suicídios" como um "sinal de que este Governo não pode continuar, sob pena de se concretizar um suicídio coletivo" do país.
"É preciso correr com essa gente e condená-los, política e socialmente", defendeu.
Presente na manifestação, o coordenador do Bloco de Esquerda (BE) João Semedo concordou que "o Governo já esticou a corda toda, inclusive a sua própria, e vai cair": "Com o povo na rua hoje e no dia 02 de março, este Governo vai ter vida curta, não tenho qualquer dúvida sobre isso. " promessa de mais cortes respondemos como habitualmente, é preciso correr com o Governo e virar a página, mudar de memorando, acabar com a 'troika' e tirar o país da crise", sustentou.
Para o líder bloquista, é claro que os planos do executivo de Passos Coelho passam por "cortar muito significativamente nas pensões e reformas, despedir milhares de trabalhadores da Administração Pública e cortar os orçamentos da escola pública, do Serviço Nacional de Saúde e da Segurança Social".
"Esses cortes são para hoje e para sempre, diz o Governo, mas o que dizemos é que o que é para sempre é o Estado Social e a democracia, o que não será para sempre é este Governo", afirmou.
Afirmando não acreditar que o Governo recue na sua política, João Semedo entende que "o único recuo possível é a sua demissão".
Em declarações à agência Lusa, também João Torres considerou que "o Governo é surdo e mudo", mas defendeu que o povo "não tem alternativa" senão "insistir na luta": "Apesar de mostrarem alguma indiferença, isto mói-os, e nós queremos moê-los. Com esta luta acabarão por ser derrotados", sustentou.
Salientando que os desempregados são, hoje, "mais de 900 mil", o coordenador da USP destacou que "um quarto da população ativa está no desemprego", sendo que "46% do total são jovens" e "apenas 26% recebe subsídio de desemprego".
"E a emigração esconde outros números: nos últimos dois anos terão saído do país 250 mil trabalhadores e, só no último ano, fugiram do país 150 mil jovens entre os 25 e os 29 anos, boa parte deles com formação superior", sustentou, denunciando que, "em menos de dois anos, foram liquidados mais de 300 mil postos de trabalho".