O objetivo era criar um corredor bus de grande qualidade, mas a intervenção que a Câmara do Porto está a realizar na Avenida Fernão de Magalhães gera críticas num dos seus troços pela insegurança rodoviária causada com a retirada de semáforos.
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No cruzamento entre a avenida e a Rua de Aires de Ornelas, os acidentes chegam aos três por semana e, dizem os comerciantes, "só por sorte não aconteceu ainda uma grande tragédia". A Câmara diz estar atenta e promete corrigir a situação.
A empreitada ainda decorre junto à Praça de Francisco Sá Carneiro, sendo que esta obra nunca foi consensual junto de quem vive e trabalha junta daquela que é uma das mais importantes vias de escoamento de tráfego do centro da cidade devido ao tempo que está a demorar, os transtornos de trânsito causados e a poluição sonora. A Autarquia reconhece falhas e salvaguarda que os "semáforos removidos devido à evolução da empreitada do CAAQ (corredor de autocarros de alta qualidade) serão recolocados em breve conforme projeto".
Explica ainda a Autarquia que "o entroncamento em causa estava com sinalização de perda de prioridade para o movimento de entrada na Avenida de Fernão de Magalhães, tendo sido reforçado com a colocação de sinais de stop".
Fraca visibilidade
O problema é que tanto na Rua de Aires de Ornelas como na avenida os semáforos foram retirados. O corredor bus em sentido descendente tem prioridade e quem entra na avenida pela estreita artéria apesar do sinal stop tem fraca visibilidade e só quando se chega bem à frente é que o condutor perceciona se pode virar e subir Fernão de Magalhães.
"Estamos aqui no café sempre a ver quando um carro nos entra pela montra. Mesmo para quem está na esplanada esta é uma situação que deve ser resolvida com urgência pois um dia destes dá-se aqui uma tragédia", considera Helena Castro, que juntamente com a irmã Eva serve ao balcão do Café Império.
Os comerciantes falam em "pequenos toques e apenas danos materiais", mas chegam a ocorrer entre dois a três acidentes por semana. A Câmara do Porto diz ter conhecimento e registo de apenas um sinistro a ocorrido "no entroncamento no dia 20 de abril e sem vítimas". Quase sempre envolvem camionetas que descem a avenida em direção ao Terminal Rodoviário do Campo 24 de Agosto.
"O trânsito fica aqui um pandemónio, tudo embarrilado, até porque lá em cima decorrem obras", acrescenta Diamantino Brito, proprietário de uma drogaria mesmo em frente ao cruzamento, mostrando fotos tiradas com o telemóvel. No passado dia 2, foi um táxi que, descendo o corredor, cerca das 21 horas, embateu com um veículo que entrava na avenida. "Num dos acidentes um carro ficou com a frente toda destruída. Só mesmo para sucata", conta o comerciante Paulo Carvalhal.
Investimento
O tráfego na Rua de Aires de Ornelas aumentou depois de alterados os sentidos no troço compreendido entre a Rua Nova de S. Crispim e a Rua do Monte Aventino.
A obra de requalificação de Fernão de Magalhães, que abrange toda a sua extensão, entre o Campo de 24 de Agosto e a Praça de Francisco Sá Carneiro (Praça de Velásquez), corresponde a um investimento municipal aproximado de 5,3 milhões.
Detalhes
Início
Obra começou a 25 de setembro de 2018, no primeiro troço, entre o Campo 24 de Agosto e o Jardim de Paulo Vallada.
Por fases
A obra está a ser efetuada em quatro fases distintas, "de modo mitigar os impactos no trânsito e no quotidiano dos que habitam e trabalham nesta artéria".
Atraso
O tempo estimado de execução era 540 dias, cerca de um ano e meio, sendo a gestão da obra da GO Porto. Devido ao rigor dos invernos, a empreitada sofreu atrasos.