"Atrair investimento" é a palavra de ordem. Por isso, Porto Gaia e Matosinhos apresentaram-se, esta terça-feira, como "a região do futuro". Os Municípios eliminaram as fronteiras entre si e chamam a indústria, o setor empresarial e o imobiliário a apostar no território como um só. Acompanhadas por 17 parceiros, as Autarquias anunciaram, esta terça-feira, a marca "Greater Porto" - Grande Porto, em português -, na Expo Real em Munique, Alemanha.
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Só o Porto, Gaia e Matosinhos "neste momento, representam 52% do investimento direto estrangeiro no país", revelou Ricardo Valente, vereador da Economia na Câmara do Porto. "Temos enorme capacidade de atração de investimento e de empresas. Somos um território bom para trabalhar, para viver e para visitar", acrescentou. Com a união formal entre as três Autarquias, prevê-se, inevitavelmente, um aumento desse número.
No primeiro dia daquela que é a maior feira do imobiliário na Europa, já houve quem se mostrasse interessado no território. Luísa Salgueiro, presidente da Câmara de Matosinhos, revelou ter tido, já nesta terça-feira, uma primeira conversa com um empresário luxemburguês que, já com um estudo feito sobre uma parcela de terreno junto à Circunvalação, quer saber quais as oportunidades de investimento.
"A reunião que assistiram aqui foi com os responsáveis de um fundo imobiliário luxemburguês que já tinham feito um estudo sobre localizações em Matosinhos e marcaram uma reunião comigo para partilhar mais dados. Agora, vamos preparar em Portugal, e em reuniões online, o desenvolvimento deste processo, com vista à aquisição de uma parcela de terreno, que consideram ser rentável", explicou a autarca matosinhense, dando nota de que aquela área em particular está disponível para vários fins.
"Não resolve todos os problemas"
O objetivo não é angariar, exclusivamente, construção nova. Por isso, também a reabilitação urbana ganha importância. É o caso das Áreas de Reabilitação Urbana (ARU), referiu Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia: "Já temos em continuidade, entre Gaia e o Porto, as ARU's do Centro Histórico. O que pretendemos sempre é que, aquilo que se assume como uma boa prática, seja multiplicada, e que isso possa acontecer [a título de exemplo] no caso da Circunvalação entre o Porto e Matosinhos. Ou mesmo que seja dentro de cada um dos municípios, que isso seja o produto de uma estratégia, organizada, planeada, dentro que é possível hoje planear".
A definição das ARU's é, aliás, referiu o autarca, "um instrumento poderosíssimo do ponto de vista fiscal". Isto porque, nessas zonas, prevê-se uma redução automática de IVA, que desce de 23% para 6%. Ainda assim, realça, "não pensemos que a nossa presença aqui hoje resolveu os nossos problemas". "Foi um passo, mas vamos precisar de muitos mais passos e acreditar que este é o caminho para conseguirmos crescer", admitiu.
Em 2021, o Porto "recebeu mais de um bilião de euros de investimento por parte de empresas", apontou Ricardo Valente, numa análise daquela que tem sido a presença do Município em feiras internacionais ao longo dos últimos anos.
"O facto de termos territórios diferentes faz com que sejam complementares. O que nos permite, do ponto de vista do investimento, é que, se o Porto não tem território, Matosinhos tem. E o Porto vai oferecer oportunidades a Matosinhos e Matosinhos vai oferecer oportunidades ao Porto. Nós vamos criar uma rede de colaboração entre nós que nos permite trazer investimento de forma muito mais assertiva e clara do ponto de vista internacional", apontou o vereador.
Para Matosinhos, o foco é claro: atividade empresarial. Até porque, há terreno disponível no concelho e indicado, no Plano Diretor Municipal (PDM), precisamente para esse fim. Aliás, Marta Pontes, vereadora com o pelouro das Atividades Económicas na Câmara de Matosinhos, notou que, no caso daquele concelho em particular, existe uma "boa área de implantação de atividade económica": são mais de 400 hectares preparados para "captar indústria, empresas, hubs de tecnologia, ciências, educação".
"O Porto nunca vai transformar-se numa cidade de turistas"
Numa altura em que a Câmara do Porto prepara-se para suspender o licenciamento de novo Alojamento Local, Ricardo Valente reforça que a vontade em aumentar a captação de investimento não passa, necessariamente, pelo turismo. "Trazermos investimento é uma coisa. Permitirmos todo e qualquer investimento, e que seja desordenado e caótico, é outra. Temos de ter regras inteligentes, de permitir que os negócios continuem a florescer e é isso que queremos no Porto. A minha proposta de suspensão de Alojamento Local (AL) no Centro Histórico e no Bonfim é simples de perceber: 86% dos AL estão nestas duas freguesias. O crescimento é demasiado concentrado", clarifica o vereador.
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"Não é travar uma área. A suspensão é durante seis meses. É regular uma área. Esta regulação pode implicar travagem, que significa um crescimento menos acentuado. A cidade quer-se multifuncional. O Porto nunca vai transformar-se numa cidade de turistas. Não é isso que queremos", asseverou Ricardo Valente, dando o exemplo do que aconteceu com o Palácio dos Correios, na Avenida dos Aliados. "É o maior local de escritórios do centro da cidade do Porto. Na altura diziam que era impossível, que ia ser um hotel. Fizemos isto convencendo as pessoas de que a cidade tem capacidade de receber outro tipo de investimentos", apontou.