Estará em exposição na Lapa nos próximos dias 20 e 21 e após o regresso a Portugal, a 10 e 11 de setembro.
Corpo do artigo
Antes de seguir para o Brasil e de novo quando regressar ao Porto, o coração de D. Pedro IV ficará em exposição na Irmandade da Lapa, no Porto. Portuenses e curiosos poderão ver o órgão num primeiro momento no próximo fim de semana, de 20 e 21.
A retirada do coração da urna para o expositor, para a qual são necessárias cinco chaves que estão guardadas na secretária do presidente da Câmara do Porto, será privada. Durante esse fim de semana será também assinado o protocolo de empréstimo da peça entre a Autarquia e o Brasil. Três semanas depois, após o regresso a casa, nos dias 10 e 11 de setembro, haverá oportunidade para observar, uma segunda vez, o coração do rei, entregue por vontade do próprio à cidade.
A vitrina, iluminada por dois pequenos projetores, será composta por uma estrutura com um mecanismo de proteção antirroubo, e colocará o coração de D. Pedro IV à altura de um coração no corpo humano. Foi feito o cálculo da altura média da população em Portugal e no Brasil, que deixará, assim, a peça, sensivelmente, a 1,30 metros do chão.
perícia feita pelo iml
A exposição na igreja da Lapa, no Porto será de entrada livre a partir das 10 horas. No dia 20, encerra às 20 horas mas no domingo, devido à preparação necessária da peça para a viagem, a mostra termina às 16 horas.
A viagem foi autorizada depois de ter sido feita uma perícia através da análise de fragmentos do coração do rei pelo Instituto de Medicina Legal (IML), numa equipa composta por elementos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).
O transporte para o Brasil, feito pela Força Aérea Brasileira, cumprirá todas as medidas de segurança, garante a Câmara do Porto e o próprio presidente da Autarquia, Rui Moreira, atravessará o Atlântico ao lado da peça, a bordo do mesmo avião.
honras de estado
À chegada, o coração do primeiro imperador daquele país terá à sua espera, no aeroporto, uma parada militar, e será recebido com honras de Estado, com direito a Dragões da Independência como se de uma visita de um chefe de Estado vivo se tratasse.
O percurso prevê a passagem pelo Palácio do Planalto, em Brasília, onde terá lugar uma cerimónia, e depois seguirá para o Palácio do Itamaraty, onde ficará em exposição, na mesma vitrina que mostrou o coração ao Porto, acompanhada de todas as medidas de segurança consideradas necessárias.
A luta entre irmãos que cercou o Porto
Após várias tentativas de recuperar o liberalismo, que fracassaram, deu-se início ao Cerco do Porto, em 1832. A luta entre os irmãos deixou D. Pedro IV - acabado de desembarcar naquela que é hoje a praia da Memória, em Perafita, Matosinhos -, e as suas tropas cercados durante cerca de um ano pelo regime absolutista do irmão, D. Miguel. Os liberais resistiram e acabaram por vencer. Como agradecimento, D. Pedro IV entregou o seu coração ao Porto. O ato da entrega do coração à Cidade Invicta está inscrito numa gravura do monumento a D. Pedro IV, na Praça da Liberdade.
Pormenores
Regresso a Portugal
Depois de D. João VI ter regressado a Portugal, foi o seu filho mais velho, D. Pedro IV, quem ficou no Brasil. Lá, em 1822, declarou a independência do país e tornou-se imperador.
Morte de D. João VI - Após a morte de D. João VI, foi D. Maria da Glória, filha de D. Pedro IV, quem sucedeu ao trono português.
Absolutismo - D. Pedro IV negociou com o irmão, D. Miguel, que estava no exílio na Áustria, o regresso a Portugal. Casaria com a sobrinha e seria regente do reino enquanto fosse menor. Mal assumiu o poder, instaurou o movimento absolutista.