Mais de uma centena destes veículos vandalizados no Porto. Empresa reduz serviço em zonas consideradas perigosas para evitar que atos de destruição se repitam.
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Várias dezenas de trotinetas em regime de partilha já foram vandalizadas no Porto. Só a Free Now, uma das duas operadoras a trabalhar na cidade, contabiliza uma centena de casos. Os veículos chegaram às ruas da cidade em junho e, em apenas quatro meses, além de muitas terem sido roubadas e vandalizadas, uma dezena delas foi parar ao rio. A Free Now admite estar a desenvolver estratégias para combater estes comportamentos. O JN contactou as outras empresas a operar na cidade, não tendo obtido respostas.
Em cima de árvores, atiradas ao rio, penduradas em postes, dentro do metro, ou deixadas nas passadeiras e no meio dos passeios. É assim que são encontradas várias trotinetas na cidade, dia após dia, criando os cenários mais inusitados, apesar de haver vários pontos de aparcamentos oficiais destes veículos. A situação preocupa a Free Now, que diz estar a trabalhar por antecipação para combater estas situações.
"Atualmente, no Porto temos conhecimento que o número de trotinetas vandalizadas foi na ordem de uma centena", explica ao JN Sérgio Pereira, porta-voz da empresa. Por isso, a operadora decidiu "reduzir a quantidade de trotinetas em zonas consideradas perigosas e criar zonas de estacionamento proibido à beira do rio", acrescenta.
Para a Câmara, as situações "são excecionais face ao número de utilizações". Mesmo assim, a Autarquia tem aperfeiçoado "os procedimentos de fiscalização e de comunicação aos operadores".
Ainda mais preocupante são as trotinetas atiradas ao rio já que as baterias são feitas de lítio e podem causar focos de poluição. Sérgio Pereira admite que a empresa tem "essa consciência" e, como tal, faz "um esforço muito grande para recuperar (do rio) as trotinetas o mais rapidamente possível".
Para encontrar veículos abandonados na via pública, basta percorrer algumas das ruas mais movimentadas do Porto. A Free Now criou um sistema de alertas na aplicação, "que visam impedir o parqueamento em zonas proibidas".
"Exceção e não a regra"
De acordo com a Câmara do Porto, "a operação das trotinetas e bicicletas em regime de partilha é acompanhada pelas próprias entidades a quem foi atribuída licença para esse efeito". Ainda assim, sublinha, "estas situações constituem claramente a exceção e não a regra na utilização das trotinetas".
As empresas possuem um sistema de georreferenciação dos veículos que permite saber o seu estado. "Paralelamente, o município acompanha estas operações através do CGI - Centro de Gestão Integrada, no qual tem acesso ao sistema de georreferenciação dos veículos. Qualquer situação que tarde a ser solucionada é comunicada aos operadores", acrescenta o Município.
Para alertar os utilizadores de trotinetas em modo de partilha, a Câmara do Porto lançou uma campanha de sensibilização com frases como "Não é tudo teu, é tudo nosso!" ou "À vontade não é à vontadinha".
Pormenores
Milhares de veículos
Cada uma das licenças atribuídas pela Câmara à Bird, Circ (comprada pela Bird) e Hive (Free Now) permite a colocação de 700 veículos com a possibilidade de ampliação para 900. O que significa que, pela cidade, podem circular entre 2100 e 2700 trotinetas.
Mais ciclovias
Até ao fim do ano, a cidade vai ter mais 35 quilómetros de ecovias para incentivar a utilização de meios de transporte suaves. As bicicletas em regime de partilha também já estão disponíveis na cidade.