Câmara do Porto diz que antigo centro comercial tem problemas estruturais que colocam em risco edifício e utilizadores.
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O Centro Comercial Stop, no Porto, tem problemas estruturais, que "comprometem a segurança do edifício e de quem o frequenta". O diagnóstico é da Câmara do Porto, que deu um prazo para "apresentação do projeto de especialidades no processo de licenciamento", tendo em vista a resolução daqueles problemas. Os músicos que ocupam a maior parte das salas temem o encerramento, até porque falta dinheiro para avançar com as intervenções necessárias. Segundo disse ao JN o líder da Associação dos Músicos do Stop, Rui Guerra, o prazo dado pelo Município termina a 6 de novembro.
Há muito que o centro comercial está transformado em sala de ensaios e estúdio para centenas de músicos. Mas a "falta de verbas" para a concretização de obras leva a "um ponto sem saída" no que toca à legalização e licenciamento do espaço. "São precisas obras relativamente à segurança contra incêndios, como saídas de emergência", exemplificou Rui Guerra, acrescentando: "Os proprietários não têm dinheiro, e, como isto é privado, há a dificuldade de recebermos apoios. A nossa luta é para não sairmos daqui".
O JN tentou contactar a administração do espaço, mas não obteve resposta em tempo útil.
Valor cultural
A Câmara reconhece o valor cultural do Stop e do trabalho dos músicos, lembrando que se reuniu várias vezes com os seus representantes e com a administração do condomínio no sentido de "procurar soluções viáveis". Ainda assim, salvaguarda, e tendo em conta que os espaços do centro comercial assentam num modelo de propriedade horizontal, "são os proprietários das várias lojas que têm de reunir o consenso necessário para as intervenções indispensáveis para o correto funcionamento do local, por mais boa vontade que possa existir por parte do condomínio e do Município".
Os problemas do Stop são antigos. Em 2010, a autarquia, à data liderada por Rui Rio, exigiu que todas as lojas tivessem licença de utilização, caso contrário, fechavam. Na altura, 300 bandas pediram um licenciamento coletivo, ao invés de uma legalização individual (teria mais custos). O processo não chegou a ser concretizado, sendo que em 2019 foi formada a Associação dos Músicos do Stop, "com o objetivo de impedir um possível fecho, de que se voltou a falar", explicou Rui Guerra, que sucedeu a Manel Cruz na liderança da referida entidade.
Preocupação geral
Atualmente, segundo Rui Guerra, pouco mais de dez das 158 lojas têm licenciamento de utilização. Mas até essas "correm risco". As zonas comuns, como os corredores, "não têm licença", por isso, se a porta de entrada for fechada, as lojas ficam sem acesso, explicou o representante dos músicos. E são cerca de 500 os que ali trabalham.
A incerteza quando ao futuro do centro comercial e de um possível encerramento não preocupa apenas os músicos. Também quem trabalha nas poucas lojas que ainda resistem mostra-se inquieto. "Já se fala disso há muito tempo, mas nunca passa da conversa. Espero que não feche mesmo", afirmou Ana Paula, trabalhadora de uma perfumaria.