A Póvoa de Varzim vai ter um curso de especialização em estudos do mar, estratégia e segurança global. A formação nasce de uma parceria da Câmara com a Faculdade de Direito da Universidade Católica e com a Marinha. A ideia é que este seja o primeiro curso de um pólo local de ensino ligado ao mar.
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“Este curso vai trazer conhecimentos que estão agregados dentro da academia e da Marinha e vai disponibilizá-los à população em geral”, salientou o chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Gouveia e Melo.
“Tem duas vertentes: uma dirigida a pessoas licenciadas e outra dirigida a pessoas não licenciadas, mas que se interessem pelos assuntos do mar”, explicou o presidente da Câmara da Póvoa, Aires Pereira, afirmando que o curso, que arranca já em fevereiro, irá ser lecionado no Centro Coordenador de Transportes.
Direito e Relações Internacionais, Estratégia, Tecnologias, Recurso e Segurança e Economia e Desenvolvimento Sustentável. São estes os quatro módulos da formação, que será sempre teórico-prática, com “a componente científica da Católica” e o “kow-how de 700 anos de mar da Marinha Portuguesa”.
Aires Pereira destaca “a componente muito grande ligada à indústria do mar, a todas as pessoas que trabalham com o mar, seja farmacêutica, eletrónica, apetrechos, etc.”.
A ideia, frisou ainda, é que este seja um “primeiro passo” da futura Escola do Mar, que ficará sedeada na antiga fábrica de conservas “A Poveira”.
“Está a ser eleborado o projeto para podermos candidatá-lo ao 2030”, contou o edil, lembrando que ali ficará um Museu do Mar e o tal pólo de ensino, sempre com a mesma filosofia: “um ensino de fora para dentro, ou seja, adaptando os conteúdos àquilo que o mercado precisa e que as pessoas querem”.
O almirante Gouveia e Melo explica que, “pela primeira vez, uma iniciativa local”, está, de facto, “a concretizar a economia do mar”. Defensor assérrimo do mar e do seu potencial, o CEMA diz que é “inacreditável com a história marítima que Portugal tem” que, ao longo de décadas e décadas, tenhamos apostado tão pouco no maior ativo que temos.
Lembra que o mar pode ser “um excelente produtor de energia limpa” e “catalizador de novas tecnologias e novos empreendimentos – por exemplo, de transmissão de dados por fibra ótica numa sociedade que é, cada vez mais, digital, Portugal tem uma posição geoestratégica fenomenal para isso”.
“Dentro do contexto geoestratégico global, a nossa posição geográfica é muito importante e, portanto, nós temos que responder, dentro deste contexto geoestratégico, ao que é a nossa maritimidade, porque de outra forma estamos a afunilar as nossas capacidades e não a alargá-las”, frisou ainda, ele que defende a criação de uma “NASA do Mar”.
Quanto à Póvoa, Aires Pereira diz que o concelho “sempre esteve virado para o mar”, mas admite que é preciso “descobrir novos horizontes e perceber que o mar é muito mais do que um sítio onde se pesca”. “Com uma Zona Económica Exclusiva como a que temos há aqui um potencial enorme de atividades, industrias e economia ligadas ao mar”.