A presidente da Câmara Municipal de Miranda do Corvo, Fátima Ramos, alertou, ontem, que a eventual suspensão de obras em curso pela Metro Mondego no ramal ferroviário da Lousã provocará o atraso de vários anos na reposição do serviço.
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Em conferência de imprensa, a autarca social-democrata revelou ter tomado conhecimento, anteontema, “de que o Governo pediu à sociedade Metro Mondego para estudar vários cenários para o investimento, alternativos ao cenário em curso e à calendarização apresentada”.
Segundo Fátima Ramos, esses cenários “passam todos” pelo atraso na entrega e/ou aquisição de material circulante e pelo atraso no lançamento dos concursos em falta (...), “atrasando assim a reentrada em funcionamento do serviço em mais dum ano no melhor dos cenários”.
“Um destes cenários prevê mesmo a paragem e suspensão das obras em curso no Ramal da Lousã, o que provocará o atraso de vários anos na reposição do serviço de transporte público/ferroviário no ramal ou mesmo a sua morte”, acusou Fátima Ramos.
“Trata-se de um cenário completamente irresponsável”, frisou.
No documento divulgado ontem, a autarca sustenta que com os atrasos “agora previstos nestes cenários”, o descrédito em relação ao metropolitano de superfície “será total e corresponderá à destruição do resto da imagem e da atractividade do projecto”.
“Os custos sociais duma decisão destas são enormes e incompreensíveis”, assinalou.
Contactada pela Lusa, a empresa Sociedade Metro Mondego remeteu explicações para mais tarde. O mesmo aconteceu com o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
Os presidentes de Câmara de Coimbra e Lousã, autarquias que junto com a de Miranda do Corvo detêm, cada uma, 14% da sociedade Metro Mondego, recusaram ontem comentar um eventual atraso nos investimentos previstos no projecto.
O Diário de Coimbra noticiou, ontem, que os limites ao endividamento impostos pelo Plano de Estabilidade e Crescimento “forçam cortes ao projecto” do metropolitano de superfície, tendo sido colocados vários cenários que implicam adiamentos à conclusão da obra.
“Não comento notícias, só comento factos e documentos. Estou à espera que a Metro Mondego diga o que tenha a dizer”, afirmou, ontem, Carlos Encarnação, autarca de Coimbra e presidente da assembleia geral da sociedade Metro Mondego.
Também Fernando Carvalho, o presidente socialista da Câmara da Lousã, vice-presidente da assembleia geral da Metro Mondego, recusou um comentário sobre a eventualidade do projecto sofrer cortes no financiamento e uma alteração na calendarização. “Só quando [a eventual alteração] estiver devidamente fundamentada e se souber se corresponde à verdade é que faço comentários”, declarou.