Produtos locais nas refeições escolares de Arcos de Valdevez é “modelo inédito” que deve ser replicado
O secretário de Estado da Agricultura, João Moura, defendeu esta segunda-feira que “o modelo” de apoio ao setor promovido em Arcos de Valdevez, deveria ser replicado no país, nomeadamente no que toca ao fornecimento das cantinas escolares com produtos locais como carne da raça autóctone Cachena.
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De visita ao município alto minhoto, para presidir à celebração de três protocolos de incentivo à produção agrícola local, João Moura anunciou que, em breve, será divulgado “um pacote financeiro muito substancial” de apoio a baldios para “valorização dos territórios com pastorícia”. E ainda que vão ser criadas “arcas de Noé” em território nacional para preservar e até “evitar a extinção” de raças de gado autóctones portuguesas.
Desde 2022 que Arcos de Valdevez fornece as escolas da região com carne da raça Cachena, através de um protocolo com a cooperativa agrícola da região, que hoje foi renovado. E que o autarca local, José Esteves, anunciou que poderá vir a ser alargado a outros produtos característicos da região como o feijão tarreste, uma variedade típica das serras da Peneda e do Soajo, frutas, legumes e até mel produzido na região, através da criação de um “substituto dos açúcares”.
O secretário de Estado da Agricultura considerou que aquela é uma ação “inédita” a nível nacional, que faz com que “as crianças de Arcos de Valdevez sejam felizes” por consumirem “umas das melhores carnes do mundo”.
“Este fornecimento às cantinas é uma bonita exceção. É uma exceção muito positiva. Que eu tenha conhecimento, só nos Arcos de Valdevez é que isto acontece”, enalteceu o governante. “Esta valorização traduzida em pratica significa que Arcos de Valdevez, tem crianças mais felizes do que noutras regiões do país, porque são privilegiadas em comer carne Cachena. Bem haja senhor presidente em fazê-lo. Este é um incentivo que os outros presidentes de câmara também devem fazer noutras regiões”, considerou.
João Moura considerou ainda como “exemplo” para o país “o modelo” de incentivos praticado em Arcos de Valdevez, que além de fornecimento de cantinas com produtos locais, acordou hoje apoios à vacinação de gado, de “50 por cento” para todos os produtores, e à realização de obras na cooperativa agrícola local. E adiantou que a manutenção de “espécies [pecuárias] que ainda contêm um risco de extinção”, será assegurada através da criação da ‘arca de Noé de Portugal’”.
“A manutenção de embriões é um caminho que devemos tomar, porque hoje a única coisa que existe - na parte vegetal estamos mais ou menos tranquilos -, mas na parte animal não. Nós temos apenas os gâmetas masculinos [espermatozoides] e se acontece algum infortúnio lá se vai o património genético que temos”, disse.
“O que queremos fazer é manter uma ‘arca de Noé’, descentralizada nalguns sítios, no alfobre das suas regiões. No caso da Cachena, será aqui [em Arcos de Valdevez] que ficará uma base embriologia significativa, mas depois terá num conjunto do bolo nacional uma ‘arca de Noé’. E também teremos um parque de exposições com exemplares das espécies para que as nossas crianças nas suas visitas de estudo e com as famílias possam vivenciar”, adiantou.
Pacote financeiro anunciado em breve
Na visita ao Minho, onde ouviu apelos como o de José Carlos Lima, da Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, para que sejam desenvolvidas "políticas amigas" para aquele território, João Moura, levantou “a ponta do véu” sobre um pacote financeiro a anunciar em breve pelo Ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, que visa “dar incentivos fortes em que haverá uma majoração para os terrenos baldios, para a pastorícia e haverá majoração se essa pastorícia for feita com espécies autóctones”.
“No âmbito do PEPAC (Plano Estratégico da Política Agrícola Comum) a reprogramação que fizemos, visa exatamente aumentar a rentabilidade dos agricultores. É isso que pretendemos, que a agricultura não seja uma atividade menor. Antes pelo contrário, que seja uma atividade que valha a pena e se torne atrativa para os mais jovens”, frisou.
O autarca de Arcos de Valdevez, João Esteves defendeu que as políticas para o sector agrícola em Arcos de Valdevez, visam “incentivar e preservar", e fazer com que "o mundo rural [seja visto como] ‘cool’”. E anunciou que no próximo ano será criado um Festival do Mundo Rural, associado à tradição secular dos Bois da Páscoa, que se realiza naquele município.
No que toca ao fornecimento de refeições escolares, João Esteves, afirmou que o município está a trabalhar “na tentativa de acrescentar mais produtos, nomeadamente, feijão tarreste, outros legumes ou frutas, dependendo da época, articulando com produtores locais, com a escola e a empresa que fornece refeições”. “Assim como estamos a tentar criar um substituto dos açucares, a partir do mel produzido aqui, e julgo que serão boas notícias dentro em breve”, concluiu.