O professor que publica vídeos obscenos no Youtube já vai na terceira suspensão em quatro anos. Na Escola Secundária da Maia em 2018, na Rocha Peixoto (Póvoa de Varzim) em 2019 e na Eça de Queirós (Póvoa) em 2021.
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Tudo somado, são 305 dias sem salário, impedido de lecionar. A cada processo, uma troca de escola. Manuel Ribeiro diz que é "uma cabala" e tudo não passam de "factos exagerados e mal compreendidos". O Ministério da Educação diz que são queixas diferentes.
Tem 63 anos, 34 de docência. É professor de Economia, Direito, Sociologia e Gestão do quadro da Escola Secundária Rocha Peixoto, na Póvoa de Varzim.
Os problemas começaram na Maia, em 2016. Nas férias de Natal, o diretor retirou-lhe a lecionação, levantou-lhe um processo disciplinar e "forçou" uma junta médica. A 31 de janeiro de 2017, o professor foi enviado para casa, de baixa. Voltou no ano letivo seguinte e, pouco depois, um novo processo. O caso culminaria a 1 de maio de 2018, com a suspensão por 125 dias.
"São tudo falsidades e construções subjetivas resultantes de subculturas, de falta de ética, imaturidade e ignorância das pessoas envolvidas, de alunos, professores e responsáveis, todos medíocres, invejosos e maldosos", diz Manuel Ribeiro.
regresso temporário
No ano letivo 2019/2020, o professor regressa à Secundária Rocha Peixoto. Em novembro de 2019, novo processo disciplinar. Diz que foi porque reclamou da avaliação de desempenho.
"O senhor diretor escreve falsidades e uma lista de comentários pessoais subjetivos e depreciativos sobre as minhas opções pessoais e profissionais", argumenta. A 12 de maio de 2020, nova decisão: 90 dias de suspensão. No final do ano, Manuel Ribeiro mudou de escola ao abrigo da mobilidade interna. Rumou à vizinha Eça de Queirós.
No primeiro dia de aulas, ter-se-á gabado de não ser vacinado, deu aula com a máscara no queixo e sugeriu aos alunos que o seguissem no Youtube, onde aparece em vários vídeos a dizer frases de cariz sexual, nu ou em cuecas. Os protestos não tardaram. O JN denunciou o caso a 23 de setembro. No mesmo dia, foi suspenso por 90 dias. Diz que foi alvo de uma "decisão arbitrária", "movida por falsos moralistas e ignorantes".
O Ministério confirma os processos disciplinares. Diz que o primeiro foi arquivado e, sobre a sanção de 125 dias, "está pendente recurso hierárquico". Sobre as mudanças de escola, afirma que "os objetos dos vários processos são diferentes das alegações que vieram a público recentemente".
Inquérito em curso
A IGEC já abriu um inquérito e o processo pode ser arquivado, ou o professor ser admoestado, renovada a suspensão, forçada uma junta médica ou impedido de voltar à função pública.
Perseguição
Até 2017, o professor tinha um processo em 30 anos de carreira. Em 2001, foi condenado a multa, anulada pelo Tribunal Administrativo Sul.