<p>Uma professora de Celorico de Basto teve a ideia de utilizar o JN para cimentar os conteúdos que dava nas aulas. Ao longo de 38 semanas a leitura do jornal foi um contributo decisivo para a realização de vários projectos escolares.</p>
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Os alunos do 7ºB da Escola EB 2,3 de Gandarela, Celorico de Basto, tiveram este ano uma experiência diferente que os obrigou a serem leitores assíduos do Jornal de Notícias (JN) e das publicações anexas. A professora Carminda Andrade, da disciplina de Educação Visual que, por inerência ao cargo de directora de turma, também leccionou Formação Cívica, teve, em Setembro, a ideia de pesquisar no JN temas que se enquadrassem nos conteúdos programáticos das duas disciplinas.
"Começou a ser uma obrigação para mim trazer o jornal para que discutíssemos na aula e trouxe os assuntos que achava interessantes para discutir na escola", explicou a docente. Carminda Andrade esteve ao longo de 38 semanas a seleccionar assuntos que depois colocava à disposição dos alunos na sala de aula mas também de toda a comunidade escolar, uma vez que os afixava na parede.
"Houve em todas as publicações temas adequados como motivação e complemento do programa que nos é imposto", reforçou a professora. No seu entender, o facto de utilizar o JN contribuiu para que passasse o ano lectivo a pensar que "poderia mudar o mundo, nem que fosse um bocadinho".
A adesão dos alunos a esta abordagem foi total e, no final do ano, estavam satisfeitos com a experiência e cientes que aprenderam de forma mais agradável e menos exaustiva. Aliás, a leitura constante do JN despertou em Cristiana Silva, 13 anos, o gosto pelo jornalismo e, quiçá, ajudou-a a descobrir a profissão pela qual lutará no futuro. "O facto de ler jornais estimulou o meu gosto pelo jornalismo e pela pesquisa, já que depois tínhamos de ir para a biblioteca aprofundar alguns assuntos que líamos", referiu.
Já Isa Cunha, 14 anos, ainda não definiu bem o que quer ser no futuro e apenas admite um certo gosto pelas ciências naturais. Ainda assim, gostou desta forma de leccionar da professora Carminda e de discutir assuntos que depois abordava mais informalmente em casa. "Com os jornais e as revistas aprende-se muita coisa. Depois deste ano fiquei a gostar mais de ler e discuto os assuntos com a família", contou.
Dos assuntos abordados destacam-se o turismo, ecologia, alimentação, pintura, literatura e ensino, entre outros. Temas que de uma forma ou de outra estão presentes no dia-a-dia dos adolescentes e que muitas vezes entram em casa pela televisão de forma truncada. "Um dos temas que mais discutimos foi o da importância da alimentação porque descobri na turma algumas meninas que não comiam por causa dos estereótipos de beleza", confessou Carminda Andrade.
Estas iniciativas estimulam igualmente o gosto pela leitura e pela escrita e, ao olharmos para Marco Alves, 13 anos, ar tímido e um pouco introvertido, estávamos longe de adivinhar que ali estava um amante de poesia. "Gostava mesmo de ser arquitecto mas gosto de ler jornais e adoro poesia. Já ganhei um prémio de poesia na escola". Por aqui se vê a importância que os jornais têm na formação cívica e nada melhor para terminar do que o desabafo da professora que idealizou o projecto. "Vou continuar, pois nestas terras pequenas vale-nos quem tudo vê e nos conta e ainda por cima faz apreciações que nem nos passavam pela cabeça. Obrigado aos jornalistas e a todos quantos nos fazem chegar as noticias a casa".