O BE diz que o Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim, não tem uma programação diversificada e de qualidade; a Câmara contrapõe e lembra os milhares de espectadores e de eventos que já passaram pela sala. E assegura que o envolvimento das associações locais na programação é uma opção "muito mais interessante".
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Ia ser “um pólo cultural” e “um ponto de encontro no centro da cidade”. Volvidos 10 anos, “não passa de palco para associações locais”. É assim que o Bloco de Esquerda (BE) da Póvoa de Varzim vê o Cine-Teatro Garrett. Diz que lhe falta “uma programação diversificada, regular e de qualidade”. A Câmara contrapõe com números: 600 mil espectadores, mais de três mil eventos do teatro à música, da dança ao cinema e às exposições (140 só desde o início do ano), um grau de ocupação de 98%. E envolver a sociedade civil na programação é “uma opção” e “muito mais interessante”.
“A oferta com que as pessoas se encontram é maioritariamente responsabilidade das associações locais: seja cinema, teatro ou dança, urge apelar a uma oferta mais plural e inclusiva, que contemple géneros e estilos para todos os públicos”, afirma, em comunicado, o BE, lamentando que, apesar do “imenso potencial e posicionamento estratégico”, o Garrett continue a ser “uma promessa por cumprir”.
Associações à parte, diz o BE, o Garrett é “vazio de grandes eventos” e “circunscreve-se às Correntes d’Escritas e ao Festival Internacional de Música (FIM)”. Para o Bloco, falta-lhe um programador cultural “autónomo e independente” e um serviço educativo que vá além “dos poucos filmes e peças de teatro infantil”. O Café Concerto “não é dinamizado” e o palco “carece de manutenção”. Assim, diz, “é impossível consagrar um Garrett incontornável no panorama cultural da região norte”.
“Só neste ano, até 14 de junho já tivemos aqui 140 produções. 107 são programação própria e só 33 são de associações locais (e que, diga-se, o Garrett também é deles)”, afirmou, ao JN, a chefe de divisão da Cultura, Manuela Ribeiro. No teatro, há protocolos com a companhia local, o Varazim (que traz, pelo menos, uma peça por mês), e no cinema com o Cineclube Octopus (um filme por semana). “Não significa que não é programação do Garrett e nós vamos completando com outro tipo de espetáculos, tentando chegar a todos os públicos. No cinema, por exemplo, com filmes mais comerciais ou infantis”, frisou.
Manuela Ribeiro lembra que, Correntes d’Escritas e FIM à parte, o Garrett é ainda casa dos festivais E-Aqui-In-Ócio (teatro), Soam as Guitarras e MARé (música) e do Festival Internacional de Solos. Destaca ainda a programação “mais invisível”: os espetáculos pensados para as escolas, que, todos os anos, levam milhares de futuros espectadores à principal sala da cidade.