O projeto "REDES CLDS4g", que durante três anos combateu a pobreza e a exclusão social em Campanhã e no Bonfim, no Porto, chega ao fim esta sexta-feira. O dia é de comemoração, de partilha de experiências, mas também de ansiedade quanto ao futuro e à ambicionada continuidade do projeto. E agora?
Corpo do artigo
É com um fórum sobre intervenção comunitária, incluindo diversas atividades, culturais, musicais, formativas, de convívio e de partilha que, nesta sexta-feira, se assinala o fim do projeto "REDES CLDS4g", que durante três anos combateu a pobreza e a exclusão social em Campanhã e no Bonfim, no Porto. As iniciativas vão decorrer no auditório da Junta de Freguesia de Campanhã, de manhã, e no salão nobre da Junta de Freguesia do Bonfim, à tarde.
Implantado no terreno desde outubro de 2020, o projeto coordenado pela Associação do Porto de Paralisia Cerebral e executado em parceria com a Fios e Desafios - Apoio Integrado à Família promoveu várias oficinas artísticas destinadas essencialmente a jovens e respostas formativas para a "reconstrução de um projeto de vida inclusivo".
Num dia marcado pela partilha de experiências, há também a incerteza quanto ao futuro e à desejada continuidade do projeto. De acordo com Rute Costa, coordenadora do CLDS4g, este será um dia de "celebração, mas também de reflexão sobre o passado, o presente e o futuro da intervenção comunitária".
Neste contexto, também para assinalar o fim desta intervenção social, um grupo de participantes partilhou um vídeo com mensagens de reconhecimento da importância da iniciativa. O trabalho surgiu no âmbito da oficina criativa coordenada por Nuno Teixeira (Fuse) e conta com banda sonora de Gonçalo Silva, residente no Bairro do Cerco.
"Depois de termos feito este vídeo fico curioso em relação às opiniões que outras pessoas venham a ter sobre o nosso trabalho. De início tinha receio de mostrar o que gosto de fazer... Agora já não. Durante este ano aprendi muito: com a música, com as palavras e com os amigos. E com os novos amigos", afirma Gonçalo.
"Apreciei especialmente conhecer opiniões e gostos diferentes dos meus. Foram bons momentos, de muita diversão. Achei interessante ter que me preocupar em fazer frases com contexto para as adequar ao vídeo. Foi a adrenalina de chegar ao fim e apresentar este trabalho. A Oficina ajudou-me na parte da escrita. A inspiração já a tinha, mas fui melhorando com o tempo e descobrindo e experimentando palavras novas", acrescentou Emanuel Cardoso.
"O mais curioso foi ter que aprender sobre rimas e sobre como conjugar palavras e música", observou, por sua vez, Bruno Lopes. Já Illia Oksyuta mostrou-se surpreendido - "Não esperava este resultado final!" -, tal como Leonardo Mesquita: "Descobri que a minha voz é diferente daquilo que julgava ser. E gostei de aparecer no vídeo, mesmo não cantando. Acho que o grupo poderia ser maior - eram só rapazes!"
"Este processo foi uma viagem de construção muito interessante. Sempre que juntamos um grupo de pessoas de diferentes meios, vidas e experiências, é quase como pegar numa folha em branco sem imaginar o que dali irá resultar. Isto é a prova de que se as pessoas tiverem oportunidades e ferramentas para descobrir algo em que podem ser bons, então as coisas acontecem e criam-se. E esta oficina foi - além de tudo o mais - uma oportunidade de descoberta de capacidades e super-poderes. O nosso resultado final é mágico!", resumiu Nuno Teixeira (Fuse).