O arquiteto Siza Vieira retoma o projeto da Avenida da Ponte, no Porto, duas décadas depois. Do projeto de 2001, na altura para a Porto Capital da Cultura, foi eliminado o Museu da Arquitetura e, agora, a habitação ganha destaque. Será dada prioridade à construção de casas.
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“Serão construídas 22 casas T2, a custo acessível, com comércio por baixo”, adiantou Siza Vieira, esta quarta-feira numa apresentação realizada na Câmara do Porto, e a que o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, intitulou de antecâmara para o avanço do processo, sendo que o projeto ainda seguirá para “tramitação pública” e o atual executivo está em final de mandato.
“Não há duas sem três! Agora, o projeto correu bem, com gosto e prazer”, exclamou o arquiteto, ao lembrar que um seu primeiro trabalho, em 1968, depois com surgimento do 25 de Abril, “ficou na gaveta”; e que o de 2001, igualmente da sua autoria, também foi “metido na prateleira”.
As 22 casas ficarão localizadas no enquadramento composto pelas ruas S. Sebastião e Chã, e pelo Morro da Sé. O mercado vai abaixo e haverá jardim. “As rochas e os muros de granito” serão para manter.
Junto à Estação de São Bento, na Praça de Almeida Garrett, nascerá outro prédio. “Será um edifício com rés do chão e três pisos”, explicou Siza Vieira.
"Ferida urbana"
Sobre a Avenida da Ponte, Pedro Baganha falou numa “ferida urbana, num território adiado há muito tempo”. Lembrou que “muitos projetos foram apresentados nas últimas décadas, 40 e tal, dois dos quais do Siza”.
Justificou a escolha de Siza Vieira, “para recuperar o projeto da viragem do século (2001), numa encomenda com atualização e revisitada”. “O projeto mantém-se válido, tendo o programa evoluído, na altura a habitação era residual, havia um museu, hoje estamos perante um problema da habitação e qualificação ambiental”, explicou, sublinhando que o arquiteto “conhece o território e é o autor do projeto da estação do metro por baixo da avenida”.
Os terrenos são municipais, estão a ser definidos usos e haverá uma fase de loteamento. Pedro Baganha disse que todas as forças políticas estão a par da escolha de Siza, e que se a decisão fosse sua a “contrução das casas na Avenida da Ponte seria toda municipal”.
Sidónio Pardal cuida dos jardins
O espaço livre terá jardins. Sob o cuidado de Sidónio Pardal, responsável pelo Parque da Cidade. “Ele (Siza) é como um maestro, é especial, se alguém desafina, nota logo”, elogiou Sidónio Pardal, na sessão. Entre a avenida e o edificado, os jardins poderão servir para eventos musicais.
Siza Vieira quer incluir no projeto uma fonte barroca. Pedro Baganha concorda com a ideia e adiantou que a fonte virá do Parque das Águas.
Sem se alongar muito sobre o assunto, o vereador do Urbanismo disse que, a par do edificado e dos jardins, a Avenida da Ponte terá dois espaços de “índole cultural”.
Quem quis seguiu à distância a apresentação, com Siza Vieira, pois o evento, num auditório dos Paços do Concelho, teve cobertura, através dos meios digitais.