Moradores do Alto de São João acusam a Câmara de Lisboa de alterar um projeto vencedor da edição de 2021 do Orçamento Participativo, através do qual a autarquia financia ideias dos munícipes para a cidade. O projeto propunha um jardim para o interior do forte de Santa Apolónia, na freguesia da Penha de França, mas em vez disso será construído um parque infantil inclusivo, o que levou o grupo " Vizinhos de São João" a redigir um abaixo-assinado.
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"Ter de fazer uma petição para defender o que se ganhou por votos é ridículo. Os moradores votaram para um jardim", critica Sandra Campos, uma das autoras do projeto.
O documento, entregue em julho na Assembleia Municipal de Lisboa, pede que "seja executado o projeto inicial (de 150 mil euros)" e "não um parque infantil de 450 mil euros rodeado de cimento para futuras feiras e mercados" e "sem sombra".
Sandra Campos diz que os moradores não têm "nada contra o parque, mas ali não". "É gigante, vai ter 400 metros quadrados e será numa zona para onde estavam previstas árvores, mesas e bancos de jardim", lamenta.
O parque é de outro projeto vencedor do Orçamento Participativo 2018/2019 e, segundo a moradora, a Câmara argumentou recentemente que vai "juntar os dois".
"Assim a área verde, que não sabemos se será jardim ou arbustos, fica reduzida a 1/10 da área total do forte de Santa Apolónia e não foi isto que os moradores projetaram e votaram", critica.
"Complementares"
Soube das alterações ao projeto, em fevereiro, quando entrou no site "Lisboa Participa". "Reparei que tinham apagado a descrição para um jardim e escreveram no rodapé "enquadramento paisagístico ao futuro parque inclusivo adaptado", conta, acrescentando que "a autarquia justificou que tinha incluído essa frase antes da votação".
"Não faz sentido, todos os moradores têm consciência que votaram num jardim. Além disso não nos avisaram, o que é contra o regulamento".
A Câmara de Lisboa diz ao JN que os dois projetos "são complementares" e que o do parque infantil "foi o primeiro a ser aprovado para aquele local".