O projeto "Aldear", promovido pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Douro, Tâmega e Sousa, que decorre até 25 de junho, quer manter comunidades ativas e preservar saberes, sabores e ofícios. Em cada encontro, os aldeeiros são convidados a fazer um percurso artístico, a participar em oficinas de artes e sabores e a assistir a um espetáculo comunitário. Até 25 de junho há eventos ao domingo.
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"Quando entramos no refrão, entramos a correr" explica, com detalhe, Madalena Gonçalves, da Burilar - coletivo multidisciplinar que atua na área da mediação de públicos através de processos criativos. A dica musical era dirigida a quatro mulheres e três homens que compõem o Grupo Coral da Paróquia de Santa Maria de Maureles e que ensaiavam para a participação no segundo capítulo da iniciativa Aldear´23, promovida pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Douro, Tâmega e Sousa.
A música, escrita por Carlos A. Correia, chama-se "Coração d´Oiro" e fechou o evento Aldear, realizado no passado domingo, na aldeia de Maureles, no concelho do Marco de Canaveses.
A iniciativa "Aldear" - que decorre até 25 de junho em 11 aldeias da região do Douro, Tâmega e Sousa - é coordenada por seis estruturas artísticas portuguesas com a missão de realizar eventos com as comunidades locais "tendo por base pensar o futuro a partir das memórias e tradições das pessoas e dos lugares".
Em cada encontro, os aldeeiros são convidados a percorrer um percurso artístico, a participar em oficinas de artes e sabores e a assistir a um espetáculo comunitário. No total, são 55 eventos artísticos com a participação de 40 coletividades.
As pessoas são atores da sua própria vivência num projeto fora da caixa
O investimento global, comparticipado por fundos comunitários, ascende aos 250 mil euros. "O papel de uma CIM não pode ficar apenas pelo financiamento de projetos materiais. E este, sendo imaterial, pode ser estratégico porque mexe com as comunidades. As pessoas são atores da sua própria vivência num projeto fora da caixa", realça Telmo Pinto, secretário da CIM Tâmega e Sousa.
"A ideia não é fazer mais uma festa tradicional. É trazer um reportório musical, físico, gestual e trabalharmos com momentos de respiração diferentes ao que estão habituados a fazer, o que nem sempre é fácil", admite Lara Soares, da Burilar.
"O primeiro canal" a ser trabalhado pelos diferentes coletivos multidisciplinares, "é o associativismo" , que, por vezes, pode "estar desativado mas quer ser ativado", explica a responsável. E dá o exemplo de Maureles: "O grupo de bombos estava pouco ativo e agora, com a nossa presença, está muito". Para Lara Soares, só por si, isto "já é um ganho de causa".