Antigo quartel no Porto será transformado pelo gabinete Masslab. Terá 200 camas para estudantes e estúdios para professores e investigadores. Edifício principal será ampliado.
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Estará pronto no último trimestre deste ano o projeto para a criação de uma residência universitária no Quartel do Monte Pedral, na Rua de Serpa Pinto, no Porto. Além das 200 camas anunciadas pelo Município, haverá estúdios para professores e investigadores bolsistas. E também espaços de lavandaria, ginásio, sala de refeições, de estudos e de jogos. Para responder a tudo isto, a parte classificada do edifício será ampliada. Com a construção de um novo volume, os atuais 2500 metros quadrados vão passar a cinco mil. O investimento rondará os seis milhões de euros. O projeto é assinado pelo gabinete de arquitetos Masslab, vencedor do concurso de ideias lançado pela Câmara. Preveem ter tudo pronto antes do final do ano.
O prédio entre as ruas de Serpa Pinto e de Egas Moniz será prolongado por um edifício novo, "tendo o seu próprio caráter". "Mas os dois funcionarão como um só", explica o arquiteto Lourenço Rodrigues, um dos três sócios do Masslab. A vontade é a de "preservar a identidade e memória, não só da fachada do edifício, mas também algumas das suas características singulares", conclui Diogo Rocha, também arquiteto e sócio do gabinete. Os restantes blocos serão demolidos para dar lugar a um novo quarteirão. Para Diogo, transformará a zona numa "das mais densas do Porto".
antigo asilo-escola
"O edifício com salvaguarda patrimonial é o primeiro braço que existe desde 1891 e que a Câmara vem agora salvar e dar um programa muito idêntico ao original. Só que, agora, são 200 camas para estudantes bolseiros, mistos e também terá estúdios para professores e investigadores bolsistas", acrescenta Lourenço.
O arquiteto nota que, "em 1891, a Câmara fez um asilo-escola para albergar 200 alunos, só rapazes na altura, exatamente neste edifício". "A construção arrancou, mas entretanto o Município ficou sem dinheiro e cedeu ao Exército o terreno e o imóvel edificado, mas nunca terminado. O quartel estabeleceu-se ali em 1904", contextualiza Lourenço.
Aos cinco mil metros quadrados da residência universitária juntam-se 45 mil metros quadrados para construção de edifícios cujo principal destino é o mercado de arrendamento acessível. Essa parte do quarteirão - já loteada - foi também planeada pelo Masslab, mas a conceção poderá ficar a cargo de outra empresa, já que parte do investimento deverá ser feito por privados, o que implica ceder o terreno e lançar novo concurso.
Certo é que, primeiro, nascerão novos arruamentos, principalmente pedonais, e só depois os edifícios. Haverá capacidade para construir "cerca de 400 apartamentos", nota Lourenço Rodrigues, de T1 a T3. Prevê-se que um dos edifícios tenha até 12 andares, libertando espaço público.
Os arquitetos salientam a importância da decisão, já que naquela área da cidade "quase não existem praças", nota Diogo. O plano do Masslab prevê, por isso, jardins, um parque infantil, hortas urbanas, entre outros espaços.
Detalhe
Arquitetos portuenses deixam marca na cidade
Para já, são três os sócios do gabinete de arquitetura Masslab: Duarte Fontes, Lourenço Rodrigues e Diogo Rocha. Mas a intenção é a de que, no futuro, os cerca de 35 trabalhadores detenham uma parte da empresa. Nascidos no Porto, os colegas de faculdade criaram o projeto em 2016, tendo vencido já vários concursos um pouco por toda a Europa. Na altura, "não havia quase nenhuns concursos de planeamento" em Portugal. O concurso de ideias para o quarteirão de Monte Pedral foi, aliás, o primeiro procedimento nacional que contou com a participação do gabinete de arquitetos, sediado na Boavista.
A saber
63 milhões de euros
O investimento total do projeto (residência universitária e prédios a custos acessíveis), será de 63 milhões de euros.
Pedido ao Governo
Em 2019, em carta ao ministro da Defesa, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, solicitou a devolução dos terrenos à cidade.
Terreno devolvido
Em março de 2019, depois de partilhar os planos para aquele quarteirão, Rui Moreira recebeu de António Costa as chaves do quartel.