O projeto “Saúde Mental 360º Algarve”, destinado à comunidade idosa, conseguiu aumentar cerca de 10% o bem-estar mental dos participantes e quase 7% da qualidade de vida física, através de sessões de autocuidado, atividade física e workshops de nutrição.
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A iniciativa de prescrição social decorreu nos concelhos de Faro, Loulé e Olhão. O projeto da associação Saúde em Diálogo teve como objetivo promover a saúde mental da comunidade idosa vulnerável, através de uma abordagem de proximidade.
Durante um ano e meio, 274 idosos referenciados pelos municípios, realizaram mais de 800 atividades, como sessões de promoção de autocuidado, desenvolvimento de competências socio emocionais, sessões de estimulação cognitiva, workshops de nutrição, atividade física e yoga, organizadas semanalmente entre os três concelhos. Para cada idoso, foi elaborado um plano de ação personalizado, na sequência de uma avalição das necessidades de cada um e, no final do projeto, foi feita uma avaliação do impacto da iniciativa na qualidade de vida e no bem-estar mental de cada idoso.
O estudo revelou que as diversas atividades resultaram num “aumento médio de 9,6% no nível de bem-estar mental”, tendo em alguns casos (14%) atingido ou superado os 20% de melhoria. “As pessoas que tiveram mais tempo no projeto e, as pessoas que se apresentaram numa condição de saúde mais débil, acabaram por ter um impacto maior em termos do bem-estar mental” afirma Ricardo Valente, psicólogo e gestor do projeto.
Qualidade de vida
A experiência demonstrou, ainda, um aumento “na perceção de qualidade de vida no domínio físico de 6,9%”. “A qualidade de vida acaba ser uma dimensão mais difícil de impactar. No entanto, esta combinação entre atividades físicas e atividades do domínio psicossocial acabaram por fazer com que estas pessoas fomentassem uma cultura de bem-estar, saúde mental e inclusão social muito significativa”, sublinha o psicólogo.
Ricardo Valente explica o projeto funciona como “prevenção e intervenção precoce em problemas de saúde mental nos idosos, com particular incidência na depressão, no declínio cognitivo e na prevenção do suicídio” e espera que “sirva de inspiração para outras instituições” e que possa ser alargado a outros municípios e regiões”.
Apoios
A iniciativa, apoiada pela Fundação Belmiro Azevedo, prosseguirá nos concelhos de Tavira e Vila do Bispo por mais 18 meses.
Participantes
Cerca de 80% dos participantes frequentaram, pelo menos, 75%das atividades, sendo que 69,6% dos idosos só tem a escolaridade até ao 4º ano e 89,4% do total são mulheres.
Mais benefícios
Além do aumento do bem-estar emocional, físico e social, os idosos relataram uma maior autorregulação emocional, alívio das dores físicas e combate ao isolamento social como principais benefícios sentidos.