O vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo, afirmou, esta segunda-feira, que se mantém o concurso público para a construção da Ponte D. António Francisco dos Santos, sobre o rio Douro, à cota baixa, para servir automóveis e peões. As propostas dos concorrentes serão entregues no próximo dia 13. Segue-se o estudo de impacte ambiental.
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O processo continuará, não obstante ter sido anunciada pelo Governo, há duas semanas, uma nova ponte, também sobre o rio Douro e com localização muito próxima, para servir o TGV e o trânsito rodoviário, que poderá travar a construção da travessia D. António Francisco dos Santos.
"Não há uma solução fechada", respondeu, esta segunda-feira, Patrocínio Azevedo, em reunião de Câmara, após ter sido questionado pelo vereador do PSD, Cancela Moura, que perguntou se será a empresa Infraestruturas de Portugal a pagar a nova ponte para o TGV e se as Câmaras de Gaia e do Porto terão que pagar indemnizações aos concorrentes à construção da Ponte D. António Francisco dos Santos.
"Estar a dizer que vamos pagar indemnizações a concorrentes é extemporâneo. Quanto à ponte do TGV, a Infraestruturas de Portugal poderá pagar essa nova ponte e as Câmaras poderão pagar os acessos. Há muitas variáveis em jogo", completou.
O custo da Ponte D. António Francisco dos Santos, suportado pelas duas autarquias, está estimado em 38,5 milhões de euros. Quanto à outra travessia, para o TGV, em que o tabuleiro superior ficará reservado para o comboio de alta velocidade e o tabuleiro inferior para carros, bicicletas e peões, foi apresentado, no final do mês passado, em Campanhã, no Porto, pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos. Insere-se na linha do TGV Porto-Lisboa, com extensão a Valença, para ligar a Vigo, em Espanha.
"A linha de alta velocidade, anunciada pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Infraestruturas, com interface em Santo Ovídio, foi uma grande notícia. É uma mais-valia para Gaia", assinalou o vice-presidente da Câmara.
Em relação à ponte que será utilizada pelo TGV, deu conta da existência de um "facto técnico", traduzido pela "impossibilidade de utilizar uma ponte gémea à Ponte de São João", conforme estava previsto. Assim sendo, continuou a explicar, "a Infraestruturas de Portugal avançou com a deslocalização da ponte que colide com a Ponte D. António Francisco dos Santos".
Perante este cenário e os estudos realizados, "percebe-se que pode haver aqui um conflito", admitiu o autarca. "Neste momento, é prematuro dizer qual será a solução", insistiu.
Seguro é que o concurso referente à Ponte D. António Francisco dos Santos avançará, como estava definido pelas autarquias. "Vamos continuar a avançar com as propostas. Mantemos o concurso. Até pode acontecer que nenhuma das propostas se encaixe no nosso modelo financeiro. Mais para a frente traremos à Câmara os vários cenários", adiantou. A entrega das propostas acontecerá na próxima quinta-feira.
Patrocínio Azevedo reiterou que um dos objetivos desta nova travessia será retirar o trânsito rodoviário do tabuleiro inferior da Ponte Luís I. "A intenção é que [a Ponte Luís I] fique apenas para transportes públicos e de emergência, peões e bicicletas", deixou registado.
Ainda em relação à Ponte D. António Francisco dos Santos, disse "reconhecer que a ponte já devia estar em execução", mas que "atrasos" de vária ordem foram adiando os prazos. "Os próximos meses dirão se teremos uma ou duas pontes", reafirmou, acerca de hipótese de coexistirem duas novas pontes, muito próximas e ambas sobre o rio Douro, a ligarem Gaia e Porto.
Também anotou que uma nova ponte permitirá "potenciar, para o turismo, toda a zona da escarpa da Serra do Pilar, que está subaproveitada".
Em relação aos acessos, do lado de Gaia, revelou que "90% dos terrenos pertencem só a um proprietário, que sabe das negociações que estão a ser desenvolvidas". Este proprietário "cederá gratuitamente" os terrenos, pois na área será implantado um projeto imobiliário.
"Os acessos são praticamente os mesmos", garantiu, seja para o caso de ser construída a ponte para o TGV, seja para o caso de ser edificada a Ponte D. António Francisco dos Santos, observando que haverá mexidas numa rotunda. "Segue-se o estudo de impacte ambiental", concluiu.