A associação SOS Quinta dos Ingleses realiza, no sábado, uma manifestação em Cascais sob o mote “Basta de Betão”, em protesto contra os “excessivos” projetos urbanísticos aprovados pela autarquia “em cima da praia de Carcavelos”.
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O mais polémico é um condomínio de luxo na Quinta dos Ingleses, cujas obras arrancaram em janeiro, após o tribunal ter rejeitado uma providência cautelar interposta pelo coletivo. Os ambientalistas queixam-se ainda da “falta de diálogo” da Câmara de Cascais e do município não ter seguido as recomendações da Assembleia da República para “salvaguardar” esta área verde do concelho.
Para esta tarde de amanhã, a associação SOS Quinta dos Ingleses espera “milhares de pessoas” na Avenida Marginal, junto à praia de Carcavelos, perto do local onde já começaram as obras de “mais de 2000 unidades de alojamento turístico e de condomínios de luxo”.
“Só aqui em cima da orla costeira há quatro projetos. Na Quinta dos Ingleses, vão ser construídos 850 apartamentos e um hotel. Em frente ao Bairro da Torre, há outro empreendimento de alojamento turístico, com cerca de 400 unidades, ainda o hotel de luxo da cadeia Hilton e outro que está agora a ser construído. No total, são mais de 2000 frações em cima da praia”, critica ao JN Silvie Lai, da associação, lembrando que “a Quinta dos Ingleses é a última mancha verde entre Cascais e Lisboa”.
Além da “preocupação pelo ambiente”, a ativista lembra que “a qualidade de vida no concelho tem-se degradado nos últimos anos devido ao excesso de construção”. “A manifestação é um voto de protesto e indignação pública por tudo o que está aqui a acontecer”, resume.
"Falta de diálogo"
O coletivo lamenta ainda a “falta de diálogo constante” da Câmara de Cascais. “Foram realizadas duas petições públicas para impedir o projeto da Quinta dos Ingleses. A primeira deu origem a uma resolução da Assembleia da República, na qual recomenda a classificação da Quinta dos Ingleses como Paisagem Protegida de Interesse Local e a Câmara simplesmente ignorou. Nunca mostrou abertura para pôr isso em prática”, aponta, lembrando que ainda há uma ação judicial em curso.
A associação interpôs uma providência cautelar para impedir o projeto no verão passado, mas esta não foi acolhida e o coletivo recorreu da decisão do tribunal. “Infelizmente, as obras já estão a avançar. Se nos derem razão como se repõe a situação, uma vez que o solo já está betonizado?”, questiona.
O JN enviou perguntas à Câmara de Cascais, mas não obteve resposta.