Aagricultores fecharam fronteira de Vila Verde de Ficalho, em Beja, esta quinta-feira de manhã.
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Eram 3 horas quando os agricultores da Margem Esquerda do Guadiana, do distrito de Beja, cortaram a Estrada Nacional (EN) 260/IP8, em Vila Verde de Ficalho, na ligação a Espanha, pela localidade de Rosal de la Frontera. Esta via é a principal ligação entre Portugal, nomeadamente Lisboa, e o sul de Espanha às importantes cidades de Huelva e Sevilha, muito utilizada pelos camionistas que fazem o transporte de bens alimentares, combustíveis e outros entre os dois países.
Centenas de tratores e alfaias agrícolas chegaram bastante cedo para bloquear a EN260 como forma de protesto face aos cortes promovidos pelo Ministério da Agricultura e, numa zona onde a via fica mais estreita, as máquinas pararam, não havendo qualquer veículo a circular nos dois sentidos.
Um dos rostos dos protestos é António João Veríssimo, agricultor em Beja, que transmitiu a desolação em que vivem os agricultores. “Estamos esgotados e sem rendimentos. Com os cortes de 35% promovidos pelo Governo, a agricultura é inviável. Depois junta-se o acordo com a Mercosur, que é uma vergonha, porque criar um boi no Brasil não é o mesmo que em Beja ou Serpa”, rematou.
Protestos espelham "descontentamento que grassa em todo o setor"
Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que não marca presença nos protestos, manifestou "toda a simpatia" pelas manifestação de hoje, que espelham "o descontentamento que grassa em todo o setor”.
Instado a comentar as palavras do presidente da CAP, António João Veríssimo foi bastante duro e cáustico. “Depois da marcha lenta em Beja, fomos como cordeirinhos atrás da CAP e o resultado foi nulo. Somos associados da CAP, mas não nos revemos nas suas posições. Não olharem para um protesto destes é mau. A CAP que assuma as suas responsabilidades”, concluiu.
Além da fronteira de Vila Verde de Ficalho, foram também encerradas as fronteiras secundárias de Sobral da Adiça, no concelho de Moura, a norte de Rosal de la Frontera e a sul a de São Marcos, concelho de Serpa, na ligação a Paymogo.
Apesar da presença da GNR, não se registou qualquer incidente e os agricultores prometem não arredar pé, sem garantias do Governo em aceder às suas reivindicações.