No Carvalhido, idosos têm de esperar apeados e queixam-se da falta de condições. Câmara diz que a estrutura cumpre limites legais.
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Os novos abrigos das paragens de autocarro do Porto têm gerado controvérsia desde a sua instalação, em agosto. Fernando Soares juntou-se aos queixosos, ao amarrar uma cadeira numa das paragens, na zona do Carvalhido, protestando contra um encosto e a ausência de um assento. Segundo o reformado, a paragem tem muitos problemas e "não serve para nada". A Câmara do Porto refere que antes não havia qualquer assento naquele local e que "não sendo detentora da verdade absoluta, os erros serão corrigidos sempre que for confrontada com eles".
A paragem em questão situa-se na Rua dos Castelos, que serve o autocarro 206, que liga Campanhã e o Viso, e que faz parte das 650 que estão a ser instaladas no Porto. O reformado de 71 anos tomou a atitude depois de, regularmente, observar vários idosos vindos do posto de saúde, a cerca de 100 metros do local, que esperam de pé muito tempo e muitas vezes sem conseguirem: "Chegam aqui de bengalas e canadianas. Alguns nem podem estar de pé. E o autocarro demora muito. Às vezes esperam às meias horas. Já viu o que é um idoso de pé durante este tempo?", referiu Fernando Soares.
Em declarações à Lusa, o vereador Pedro Baganha explicou que "o abrigo não pode ter um assento, um banco normal, porque se tivesse, o passeio que sobrava não cumpria a legislação das acessibilidades". Para o responsável, "entre ter nada ou um abrigo com encosto" a Câmara prefere "ter um abrigo com um encosto, que apesar de tudo protege as pessoas".
"Paragem que não abriga"
"Este é um abrigo que não abriga nada. Sei que não será uma cadeira que vai resolver os problemas da paragem, mas ao menos os passageiros estão sentados enquanto esperam pelo autocarro", explicou Fernando Soares.
Maria Eugénia Serra é administradora do prédio em frente à paragem em questão e revela que, durante os 12 anos em que ali reside, nunca viu "uma coisa tão mal feita": "Isto está uma porcaria. Era melhor o que lá estava. Não há onde nos sentarmos, o telhado é curto e não abriga ninguém, e a visibilidade torna-se reduzida".
O topo do abrigo é curto, para respeitar as distâncias mínimas por lei. Mas Fernando Soares discorda, uma vez que em frente à paragem há uma ciclovia: "Acho que o abrigo podia estar mais largo, sendo que os carros não passam ao lado do passeio".
O reformado prendeu a cadeira com um cadeado e afixou um cartaz a pedir para não a roubarem. No entanto, o papel e o cadeado já foram retirados. Fernando Soares insiste para não levarem o banco, útil a vários idosos.