
Grupo de cidadãos quer que a Câmara trabalhe no sentido de proteger as árvores
Foto: Marta Melo
Um grupo de cidadãos de Coimbra vai avançar com uma providência cautelar contra a destruição de árvores na Rua Lourenço de Almeida Azevedo e na Avenida Sá da Bandeira, onde decorrem as obras do sistema de Mobilidade Metro Mondego.
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Sandra Carvalho, membro do coletivo, diz que esta “é mais uma vez, uma solução desesperada”. “Estamos a ver dia a dia as obras a progredir sem os cuidados necessários para que as árvores não morram todas por estarem a ser colocadas sob stress, com máquinas pesadas a cortarem as raízes”, afirma.
A providência cautelar continua a ser preparada, mas o coletivo de cidadãos espera que seja entregue “o quanto antes”. Sandra Carvalho diz que é para também “chamar a atenção” de que já deviam ter tido em consideração, em fase de projeto, “o valor patrimonial que tem o arvoredo público”. “Não temos a intenção de causar problemas, só queremos soluções que o incluam”, indica.
Proteger uma centena de árvores
Em causa estão 100 árvores que o grupo entende que “estão a ser danificadas” na Rua Lourenço de Almeida Azevedo e na Avenida Sá da Bandeira. Segundo Sandra Carvalho, as obras deviam estar a ser feitas “com outro cuidado, com outro tipo de recursos técnicos”. “Estão a ser feitas com escavadoras enormes, que não só compactam, contribuem com peso para compactar o solo, onde elas estão enraizadas, como também decepam raízes”, aponta.
O projeto do metrobus previa o abate de 43 árvores na Rua Lourenço de Almeida Azevedo, mas em 2023, foi aprovada uma proposta que reviu para 11 as árvores a abater, a maioria por razões fitossanitárias.
Ainda assim, no entender destes cidadãos “há possibilidade” de tratamento das árvores. “Desde o primeiro relatório fitossanitário, em 2013 até ao de 2021, houve recuperação por parte das árvores, sem nenhuma intervenção. Imaginem onde não poderíamos chegar se houvesse realmente uma intervenção que as ajudasse a recuperar”, indica Sandra Carvalho, acrescentando que as árvores “não precisam de estar no corredor da morte só porque estão doentes”.
Propostas à autarquia
O coletivo de cidadãos já entregou propostas à autarquia de Coimbra no sentido de que as árvores fossem tratadas e recuperadas. Esta manhã, recebeu uma resposta, com a provedora do município a fazer chegar um email da vereadora Ana Bastos, em que se lê que foram feitas medidas e “a agravar a dimensão, cota e abrangência das estruturas radiculares das árvores, particularmente as de maior porte, dificultam a definição de soluções equilibradas”.
“Para além das grandes e profundas valas para substituição das condutas de saneamento, também os ramais de ligação às edificações contribuem para gerar stress nas árvores, na medida em que são abertas valas ao longo do arruamento e na sua transversal”, acrescenta.
Sandra Carvalho questiona “se está tudo estrangulado” por que não optar por uma via única, em vez de duas vias, na Rua Lourenço de Almeida Azevedo. “Esta é uma solução que vem sem impacto no projeto, que também entendemos que não pode ser mudado”, conclui.
