Câmara de Braga paga 12 500 euros/mês à Arquidiocese. Ricardo Rio responde que contrato salvou antigo cinema
Corpo do artigo
Os vereadores do PS na Câmara de Braga acusaram esta sexta-feira o Executivo de Ricardo Rio (PSD/CDS) de "desbaratar dinheiros públicos" com a renda de 12500 euros por mês do antigo cinema São Geraldo, desde fevereiro de 2019, à Arquidiocese.
"O interior está em ruína e continua a degradar-se o que mostra a grande inércia e incompetência deste Executivo", disse, em conferência de imprensa, o vereador Adolfo Macedo. O PS sublinha que a Câmara assinou, em 2017, um contrato por 10 anos, para salvar o antigo cinema enquanto espaço cultural, tornando-o em Centro de MediaArts, mas nada foi feito e não foi concretizada a compra do edifício, prevista numa cláusula de direito de preferência. "Passaram-se seis anos e dizem-nos que o projeto está a ser feito, faltando um estudo sobre as fundações do prédio, Mas, de concreto, nada", lamentou, frisando que está em causa "a memória da cidade".
Adolfo Macedo rejeita, também, a tese camarária segundo a qual uma parte do valor da renda será descontado no preço de compra, salientando que inicialmente esse montante era de 40%, mas desde 2019 é apenas de 20%.
Lamentou que a Autarquia tenha assinado um mau contrato já que permite que a compra à Igreja seja feita apenas se a Santa Sé autorizar e deixa-lhe a possibilidade de não o renovar. "Se a Igreja não quiser, nada será feito no São Geraldo", acentuou, garantindo que, se o PS governasse a Câmara a obra já teria avançado.
Contactado pelo JN, Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, disse que a decisão de arrendar o São Geraldo foi uma opção política consensual, dado que a Arquidiocese tinha licenciado, de forma legal, a sua transformação em mercado urbano. "Em 2017, por pressão da sociedade bracarense, optamos por arrendar com opção de compra para preservar a identidade do espaço", explicou.
Disse que a pandemia atrasou a feitura do projeto arquitetónico, mas que este está em fase de conclusão, podendo o concurso público arrancar ainda neste ano de 2023.
Sobre as críticas ao elevado valor da renda Rio diz que quem o diz desconhece o mercado. "Ninguém arrenda um espaço de tão grande dimensão por menos dinheiro", sustenta, sublinhando que nos primeiros anos o valor do aluguer foi inferior ao que é hoje.
Garante que, logo que o projeto fique pronto, se avançará para a compra. "O que está previsto é que se constitua uma comissão de peritos para se chegar a um valor", adiantou.