O Partido Socialista acusou a Câmara de Esposende de ter conhecimento, há três anos, de que havia risco de derrocada no local onde morreu um casal de namorados na freguesia de Palmeira de Faro.
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Os socialistas dizem que a autarquia ignorou o aviso do responsável da proteção civil que alertou para a "existência de um bloco de dimensões consideráveis" que apresentava "uma fissura" e que colocava "em risco bens e pessoas no sopé da encosta".
Na casa encontravam-se, no momento da derrocada, Susana Gonçalves e Fábio David, que acabaram por perder a vida, a mãe e o padrasto de Susana, mais duas crianças (irmãos), de dois e 12 anos, que escaparam ilesos.
Em comunicado publicado na rede social Facebook, o PS diz ter consultado o processo de construção da moradia edificada num plano superior e revela que o projeto foi chumbado duas vezes pela arquiteta e pelo chefe de divisão de gestão urbanística. "Para o projeto ser aprovado, coincidência ou não, foram precisas três tentativas, uma mudança de Chefe de Divisão e uma interpretação "encomendada" a um Gabinete privado, de um artigo do PDM", dizem os socialistas.
Já em 2019, depois de "um vizinho de uma das casas situada abaixo" ter-se queixado "da existência de queda de pedras nos quintais das casas situadas no nível inferior", foi solicitada a intervenção da proteção civil. Depois de visitar o local, o responsável enviou um email à Câmara dando conta do resultado da fiscalização: "Após verificação presencial, constatou-se a existência de uma habitação em fase de construção no cimo da vertente, a situação da queda de inertes ficou a dever-se à retirada de vegetação por elementos da empresa construtora e no decurso da avaliação presencial verificou-se a existência de um bloco de dimensões consideráveis que apresenta uma fissura colocando em risco bens e pessoas no sopé da encosta".
Por isso, os socialistas não têm dúvidas de que, durante três anos - entre 2019 e 2022 - "os responsáveis camarários, a começar pelo seu presidente, que despachou diretamente o processo, sabiam dos riscos e da urgência de uma intervenção".
O Partido Socialista salienta que não opina sobre a investigação judicial em curso, contudo lembra que existe "responsabilidade política". "Quanto a essa, não deixaremos de exercer o nosso escrutínio democrático enquanto a oposição no concelho de Esposende, entendendo que, a população em geral, e os esposendenses em particular, têm o direto de saber aquilo que até agora o presidente da Câmara escamoteou", conclui.