PS já não confia na presidente que queria "partir o focinho" a deputado do Chega

Ana Luísa Beirão recusa demitir-se. Na próxima sessão deverá ser votada a destituição da mesa.
Foto: Direitos Reservados
O PS diz que “deixaram de existir condições” para que a presidente da mesa da assembleia municipal de Vila do Conde, Ana Luísa Beirão, se mantenha no cargo e retira-lhe “a confiança”.
Quatro dias depois, o grupo municipal do PS reagiu ao incidente. “Ai que vontade de lhe partir o focinho” é a frase da polémica. Ana Luísa Beirão garante que não se dirigia ao deputado do Chega, não tenciona pedir desculpas e recusa abandonar o cargo.
“Tendo sido este grupo de eleitos a propor a atual presidente e não havendo da sua parte qualquer abertura para um pedido de desculpas ou uma qualquer manifestação pública de retratamento pela atitude e palavras proferidas no exercício dessas funções, está este grupo de eleitos obrigado a tornar público que deixaram de existir condições futuras para a sua continuidade de funções, pelo que não pode manter a sua confiança para o exercício do seu mandato”, afirma o grupo municipal do PS na assembleia municipal.
Os eleitos socialistas explicam que, hoje, reuniram com Ana Luís Beirão e ouviram a sua “versão”. O grupo diz que “não acompanha tal semântica” e, se em tempos foi crítico de outros deputados, agora não seria diferente.
“O grupo municipal do PS não troca princípios por lugares, pois entende que os seus eleitos o foram para defesa de valores éticos e políticos que estão acima de desígnios pessoais”.
A polémica estalou na última sessão da assembleia, já na madrugada de terça-feira. O deputado do Chega Sérgio Gomes tinha acabado de intervir, quando, ao dirigir-se para o seu lugar, Ana Luísa Beirão sussurra à secretária, Sílvia Moreira: “Ai que vontade de lhe partir o focinho”. Sérgio não ouviu, mas, como o microfone estava ligado, ouviram todos os que assistiam em casa à sessão, transmitida em direto. O Chega veio, de imediato, exigir a demissão da autarca. O movimento independente NAU diz-se “incrédulo” e pede explicações. O PSD fala numa “atitude inaceitável, incompatível com os mais elementares princípios de respeito, decoro e responsabilidade” e lamenta que, quatro dias depois, o presidente da Câmara e líder do PS de Vila do Conde, Vítor Costa, ainda nada tenha dito sobre o caso, ele que foi responsável pela escolha de Ana Luísa Beirão para cabeça de lista à assembleia municipal.
“Não posso, nem devo imiscuir-me num assunto que diz respeito à assembleia municipal”, afirmou, ao JN, Vítor Costa, para quem a separação de poderes é “sagrada”. Como presidente da Câmara, entendeu não se pronunciar sobre o caso. Ainda assim, tantas vezes crítico de “linguagem imprópria” – que já motivou a apresentação de queixas-crime contra deputados e vereadores - diz-se “solidário” com a decisão do grupo municipal.
Na próxima assembleia municipal, os partidos deverão, agora, unir-se para pedir a destituição de mesa.
