Em carta enviada à autarquia, diz que medidas permitiriam melhorar eficácia das intervenções policiais. Rui Moreira reuniu-se com associações de moradores.
Corpo do artigo
A PSP solicitou à Câmara do Porto a abertura de novas ruas e mais luz pública no Bairro da Pasteleira Nova. Numa carta enviada à autarquia, a Polícia alega que estas e outras medidas facilitariam a intervenção policial num local descrito como fechado, com espaços estreitos e sem visibilidade. O presidente da autarquia, Rui Moreira, não respondeu diretamente às reivindicações da PSP, mas, no final de uma reunião com moradores da zona da Pasteleira Nova, ocorrida ontem, elencou os vários investimentos realizados naquela área da cidade. E voltou a exigir um maior esforço ao Governo na resolução de um problema que está a deixar a população desesperada.
O JN apurou que na carta enviada à Câmara do Porto, a PSP lembrou que os edifícios do Bairro da Pasteleira Nova formam um quarteirão fechado e dividido em espaços estreitos e sem visibilidade. As ruas sem saída e espaços ocultos representam, continuou a PSP, um forte bloqueio à intervenção policial, dificultam significativamente as ações de vigilância e fecham o bairro à circulação dos restantes cidadãos.
A PSP alertou também para a existência de arbustos que limitam a visibilidade de alguns espaços comuns, para a degradação de alguns edifícios e para a ausência de espaços de lazer. Aspetos que reforçam o sentimento de insegurança da população.
Investimento avultado
A PSP pediu, neste contexto, que a autarquia proceda à abertura de ruas na zona envolvente, traseiras e interior do Bairro da Pasteleira. Sugeriu, igualmente, que seja melhorada a iluminação em toda a área e aumentadas as ações de limpeza do espaço público. Tudo isto, para tornar mais eficaz qualquer ação policial.
Questionado pelo JN através da assessoria, Rui Moreira não reagiu aos pedidos da PSP. Porém, no final de uma reunião com moradores, o autarca salientou que, nos últimos dez anos, a Câmara do Porto investiu, em cinco bairros daquela zona, 20 milhões de euros. "Hoje, se formos à Pasteleira Velha, por exemplo, percebemos que a qualidade dos edifícios é muito diferente daquilo que era", afirmou.
O edil destacou, ainda, "o tratamento intensivo do espaço público", através de "ações permanentes de limpeza", que "tenta, de alguma maneira, garantir a higiene e a segurança dos cidadãos".
Rui Moreira recordou, por fim, o investimento de 500 mil euros na sala de consumo assistido e a oferta de dez carros à PSP. "Fizemos o que estava ao nosso alcance", disse, entre críticas ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro. "A competência é do ministro. Mas enquanto ele não assumir essa competência, porque não tem sabido assumir, nós faremos aquilo que está ao nosso alcance", acrescentou.
Apoio dos moradores
As críticas de Rui Moreira ao Governo foram apoiadas pelas três associações de moradores que, ontem à tarde, se reuniram com o autarca. Após o encontro, e ainda com Moreira ao lado, os habitantes exigiram uma resposta pronta e a vários níveis do Governo.
Reclamaram o reforço do policiamento daquela zona, assim como um apoio efetivo aos toxicodependentes que consomem à porta das habitações, à entrada das escolas e no interior dos carros. E, tal como o autarca, reivindicaram a criminalização do consumo de droga na via pública.
Indignados com o tráfico e consumo de droga à sua porta, os moradores revelaram que vão requerer uma reunião com o ministro José Luís Carneiro.
Criminalização não resolve, mas ajuda
Rui Moreira alega que uma lei que permitisse o regresso à criminalização do consumo de droga no espaço público não iria, por si só, resolver o problema do Bairro da Pasteleira Nova. Mas refere que ajudaria a tornar mais eficaz a intervenção da PSP naquele local conotado com o tráfico.
Carta aberta fala em retrocesso
Várias associações e quase 200 pessoas, muitas delas profissionais de saúde, assinaram uma carta aberta endereçada a Rui Moreira, a defender que o regresso à criminalização do consumo de droga seria um retrocesso.
Defesa não responde
O antigo Quartel da Manutenção Militar, na Rua do Ouro, está a ser usado como local de consumo. O autarca portuense pediu ao Ministério da Defesa que interviesse, mas não obteve qualquer resposta.
Assaltada e abandonada
"Estamos a ser assaltados todos os dias", assegurou Cristina Costa Reis, da Associação de Moradores do Bairro Marechal Gomes da Costa. Esta moradora sente-se "abandonada" por um Estado que, declara, não protege os cidadãos da cidade do Porto. "É horrível", classificou.