A sala de consumo vigiado de droga, instalada em agosto do ano passado, na Pasteleira Nova, é frequentada, todos os dias, por cerca de 200 toxicodependentes. O número excede as expectativas iniciais e leva a Câmara do Porto a ponderar, desde já, a continuação de um programa que será, no final do ano, alvo de um balanço definitivo. As associações que integram o consórcio que gere o espaço não querem, no entanto, esperar tanto tempo e reivindicam o reforço imediato de meios.
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O equipamento também conhecido por "sala de chuto" foi instalado com o objetivo de reduzir em 50% o consumo de droga nas ruas e jardins da Pasteleira Nova. O pré-fabricado com nove divisões, distribuídas por 90 metros quadrados, tem capacidade para acolher dez consumidores em simultâneo: quatro numa sala de consumo injetado e seis numa outra vocacionada para a droga fumada. "Cada pessoa tem a possibilidade de permanecer em média 30 minutos, embora, sendo esta uma estrutura que funciona numa abordagem de redução de riscos, este tempo é sempre ajustado à necessidade de cada pessoa e pode haver algumas variações", explica a coordenadora do projeto, Diana Castro.
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Aberta de segunda-feira a domingo, entre as 10 e as 22 horas, a sala de consumo vigiado conta com uma equipa constituída por enfermeiros, técnicos de apoio psicossocial, educadores, vigilantes, empregadas de limpeza, uma psicóloga, uma assistente social e um médico. Por cada turno de cinco horas, há sempre seis especialistas presentes.
Neste sábado, a vereadora da Autarquia portuense, Catarina Araújo, considerou que o equipamento é uma resposta muito importante" para combater o flagelo que tem atacado na cidade. "É um investimento muito significativo para o Município e está já previsto [aplicar] 650 mil euros nesta resposta", afirmou.
A responsável pelo pelouro da Saúde lembrou que a sala de consumo vigiado está ainda numa "fase piloto" e que o protocolo prevê que, no final do ano, seja "feita uma avaliação" decisiva para a continuidade da iniciativa. " Os parâmetros de avaliação já definidos serão determinantes para avançar para a segunda fase do projeto, em que teremos, além desta estrutura amovível, uma outra móvel", explicou.
Sem horas para consumir
Os técnicos e associações envolvidos no consórcio defendem que esta avaliação devia ser imediata para que se pudesse responder com mais eficácia às atuais necessidades. "Logo no primeiro dia, tivemos uma adesão muito grande e temos vindo a aumentar o número de admissões ao serviço a cada mês que passa, assim como o número de consumos médios diários", salienta Diana Castro.
A coordenadora da sala de consumo vigiado revela, aliás, que os técnicos já começaram "a sinalizar pessoas que, devido ao tempo de espera para entrar na sala, desistem" e vão consumir para a rua.
Perante a afluência ao equipamento, Luísa Neves, representante do Serviço de Assistência Organizações de Maria, instituição que integra o consórcio, é pragmática. "Precisamos de reforço da equipa, do espaço e do horário. Esta resposta tinha que estar aberta 24 horas por dia, porque um consumidor não consome apenas durante as dez horas em que sala está aberta".