Obra que prevê prolongamento do paredão de Leixões deverá ser adjudicada em fevereiro. Autarca de Matosinhos pediu uma "reunião urgente".
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Foi com "grande surpresa e estranheza" que a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, recebeu a notícia de que a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) tem prevista para fevereiro a adjudicação da obra do prolongamento do quebra-mar do Porto de Leixões.
"Não sabia", admitiu a autarca, assegurando já ter pedido uma "reunião urgente" com a empresa. Luísa Salgueiro justificou desconhecer a decisão da APDL, salientando que o grupo de trabalho, constituído por representantes da Câmara de Matosinhos, do Porto, da Agência Portuguesa do Ambiente e da APDL "não reúne desde julho".
O grupo de trabalho junta representantes da Câmara do Porto, Matosinhos, da APA e da APDL, para fazer o acompanhamento da obra.
Também Humberto Silva, do Movimento "Diz Não Ao Paredão", afirma ter sido surpreendido pela notícia. O matosinhense acusa a APDL de "ignorar os vários pedidos de informação por parte da Autarquia de Matosinhos, do Porto e de todos os cidadãos preocupados com os impactes ambientais e sociais".
Humberto Silva considera que o projeto não foi divulgado por completo, afirmando desconhecer "como irá evoluir a qualidade do ar e da água, durante o período de exploração, com o incremento de tráfego de navios e de veículos pesados".
Avaliar o impacte
O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) garantiu que iriam ser feitos estudos complementares com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em junho. Questionada pelo JN sobre a existência desses estudos, a APA não respondeu.
Em março de 2019, Luísa Salgueiro diz ter elaborado um documento com um conjunto de propostas e preocupações relativamente à obra em causa para, posteriormente, poder pronunciar-se sobre a adjudicação, ao qual ainda aguarda resposta por parte da APDL.
Em julho, e em Assembleia Municipal do Porto, foi aprovada uma moção para que o quebra-mar não fosse prolongado por mais de 200 metros, mas nada foi dito por parte da APDL relativamente ao documento.
O JN também questionou a APDL sobre a realização de estudos complementares de avaliação ao impacte ambiental da obra, mas não obteve resposta.