Policiamento de proximidade na maior freguesia de Braga traz segurança aos bairros, escolas e pessoas vulneráveis. Comunidade já conhece os agentes pelo nome.
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"Ó Laidinha, boa tarde. Viemos saber como está". Laidinha é, na verdade, Adelaide Silva e quem lhe bate à porta são Mário Carvalho e Luís Pinto, agentes da PSP, e Ricardo Silva, presidente da Junta de S. Vítor, em Braga. "A casa é grande, podem entrar", responde a octogenária. Ninguém entra. A pandemia exige distanciamento, mesmo que o que se pretenda, ali, seja fazer policiamento de proximidade, ou seja, ouvir os problemas da comunidade para encontrar soluções.
Há dois meses, Laidinha - que vive com o companheiro, Raul Pinto - tinha-se queixado ao presidente da Junta de que estava "abandonada". O lamento chegou a Mário Carvalho, que se dedica ao apoio a idosos e à problemática da violência doméstica. Na altura, o agente inteirou-se da situação, mas percebeu que era falso alarme.
"Os filhos tomam conta deles, têm cuidados de enfermagem, psicóloga, assistente social. Se calhar, só querem mais mimo", conta, antes de voltar a tocar à campainha do casal para mostrar que, meses depois, continua a estar presente.
"Há idosos que não querem que eu passe de novo. Há outros que ligam e querem mais visitas. Há situações que não têm natureza criminal. São só pessoas com receios e em isolamento", elucida Mário Carvalho, esclarecendo que o polícia de proximidade tem acesso privilegiado a instituições sociais para encaminhar diferentes casos que surgem no dia a dia, desde negligência a carências sociais. Antes de falar com Laidinha, Mário Carvalho e Luís Pinto já tinham, por exemplo, batido à porta do Gabinete de Apoio à Vítima da APAV, na Junta de S. Vítor, e visitado a Escola Profissional Profitecla.
O modelo de policiamento de proximidade da PSP de Braga inclui o programa Escola Segura que, a par de ações de sensibilização para temas como a violência no namoro, é importante para resolver pequenos conflitos.
"No regresso às aulas, há quase sempre situações de casos amorosos mal resolvidos nas férias", confidencia o diretor, Hugo Sá, desdobrando-se em elogios à relação das autoridades com os alunos. "A PSP não tem que vir cá só para punir, tem que vir cá para ajudar", entende.
Há quatro anos que Luís Pinto é um dos agentes destacados para este contacto com as escolas, mas também para rondas diárias pelo centro histórico, pela zona da universidade ou bairros com problemas sociais, como as Enguardas, onde costuma ser recebido pelo presidente da associação de moradores, António Araújo.
"Já conhecemos os agentes pelo nome. Eu gosto de ver a Polícia pelo bairro, os delinquentes é que não", ironiza o dirigente associativo, importante elo de ligação com as autoridades e a Junta de Freguesia. "Estamos numa área com problemas de droga e vandalismo", acrescenta, para justificar a necessidade de agentes de proximidade para travar a criminalidade.
"Através das varandas, a população vê a Polícia a atuar e começa a ter um sentimento de segurança. Isso é muito importante", conclui o autarca Ricardo Silva.
Detalhes
Dez agentes
O modelo de policiamento de proximidade da PSP de Braga conta com cerca de 10 agentes. Além de equipas de apoio à vítima, da Escola Segura e rondas diárias, são responsáveis pelo programa "Significativo Azul", dedicado a pessoas com deficiência.
Sinalizações
O agente principal Mário Carvalho adianta que, no último ano, foram sinalizadas 43 pessoas por serem alvo de carências ou maus-tratos. São mais dez casos do que em 2019.
Contacto telefónico
Os agentes estão tão próximos da comunidade que cedem contactos telefónicos diretos a quem precisa de apoio.