Vinte entidades e instituições do Porto e Gondomar abriram as portas, esta quarta-feira, para receber uma pessoa com deficiência ou com outras limitações funcionais, no âmbito da iniciativa europeia DuoDay, que pretende sensibilizar para a inclusão de todos no mundo do trabalho.
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No Centro de Reabilitação da Associação do Porto de Paralisia Cerebral, na Primark do centro comercial Parque Nascente, nas juntas de freguesia de Campanhã e Bonfim, e até na empresa de etiquetas Pinto e Pinto, os relatos indicavam todos o mesmo: o sentimento de inclusão e participação.
No centro de reabilitação da Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC), Fernando Pina, 57 anos, afirmou sentir-se "útil" a fazer o que mais gosta: a jardinagem. "Desde sempre que foi uma área para a qual tive vocação e conhecimentos. Gosto de estar ao ar livre, no meio das plantas. E gosto de me sentir útil. Hoje, e quem sabe, amanhã", declarou.
Na Etiquetas Pinto e Pinto, Bruno Lopes ficou com uma impressão muito positiva da iniciativa e do trabalho: "O ambiente [na empresa] é muito bom, fui recebido com simpatia e apoio".
Além de ser uma ótima experiência para Bruno, a iniciativa também é um desafio para os trabalhadores. Quem o disse foi Carla Pinto, voluntária da empresa que acompanhou o jovem, acrescentando que as entidades "ainda estão pouco habituadas a lidar com certas diferenças".
Na Junta de Freguesia de Campanhã, a funcionária Ana Santos formou par com Marco Barbosa, de 30 anos. Ambos concordam: "Quem tem deficiência é igualmente capaz, dedicado e trabalhador".
Necessidade de quebrar tabus
Aos 31 anos, Daniel Almeida está desempregado, mas faz alguns serviços ocasionais na área do design gráfico. Fala da importância de quebrar alguns tabus quanto à ideia de que pessoas com alguma incapacidade são menos produtivas do que as restantes.
"É muito habitual ver pessoas a 'apontar o dedo', sem que antes ponderem em relação ao que estão a pensar ou dizer. Mesmo que não seja por maldade, resulta de uma sociedade ainda pouco informada e quase nada sensível às questões da integração", apontou Daniel Almeida.
A iniciativa, no Dia Internacional da Discriminação Zero, resultou de uma parceria entre a Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC) e o Contrato Local de Desenvolvimento Social REDES 4g.
Foi a primeira vez que o projeto se desenvolveu na zona Norte do país, mas o objetivo é que se torne num evento anual que, gradualmente, venha a envolver ainda mais entidades e empresas da Área Metropolitana do Porto.
O "DuoDay" surgiu na Irlanda em 2008 e tem vindo a espalhar-se por vários países da Europa. Este conceito foi criado com o objetivo de mudar a visão das empresas sobre as pessoas com desvantagens face ao mercado de trabalho, sejam elas de ordem funcional, social ou cultural, promovendo a sua progressiva inclusão.