<p>Prejuízos incalculáveis e plantações de árvores dizimadas. É este o cenário no Planalto Mirandês e Parque Natural do Douro Internacional. Uma praga de ratos está a matar milhares de sobreiros, carvalhos e cerejeiras. </p>
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No terreno, os estragos são visíveis, o que obriga os produtores florestais a fazer contas aos danos causados pelos ratos-cegos (microtus lusitanicus) e repensar a forma de manter vivos soutos e pomares. Em alguns casos, há perdas que ultrapassam vários milhares de euros. O rato ataca, em primeiro lugar, a raiz principal das árvores, cortando-a e fazendo com que sequem.
"Quando ataca, o rato-cego pode dizimar, em pouco tempo, um plantação. Quanto mais se lavra a terra, mais probabilidades há de ele se infiltrar, já que actuam através de um sistema de galerias e cortam a raiz das árvores", explicou, ao JN, Altino Geraldes, engenheiro florestal.
Os primeiros sinais da presença dos roedores foram detectados há cerca de nove anos, na região de Picote, Miranda do Douro. No entanto, nos últimos dois é que as preocupações começaram a surgir já que a praga se estendeu a toda a região trasmontana.
"Além dos prejuízos, a tristeza é maior ao ver centenas de sobreiros, alguns com cerca de dois metros de altura, mortos, e um número considerável que já não tem salvação", lamenta Abílio Neto, produtor florestal em Lagoaça.
O agricultor já consultou vários técnicos e foi informado que todos os prejuízos são provocados por uma praga de ratos que assola região. "Tenho milhares de euros de prejuízos. A minha plantação foi subsidiada por fundos do Estado, tenho que assumir compromissos, não sei como vou fazer", lamenta Abílio Neto.
Por seu lado, Darvim Garcia, presidente da Associação Florestal de Picote, estrutura agroflorestal que gere cerca de 200 hectares de sobreiro, afina pelo mesmo diapasão: "Não há duvidas de que são os ratos que estão a dar cabo do sobreiros. Há árvores com cerca de dez anos que são mortas pela raiz e não sabemos como actuar, já que se trata de uma situação ainda pouco estudada ".
Ao que o JN apurou, há já agricultores que aplicam enxofre e raticidas nas plantações, no intuito de travar o avanço dos ratos. O próximo passo é informar as autoridades competentes da situação, a fim de se encontrar uma solução científica para controlar o problema.