Uma corça bebé que sobreviveu ao incêndio de Pedrógão Grande, em junho passado, tem nova casa: o Parque Biológico da Serra da Lousã, em Miranda do Corvo, onde foi alimentada a biberão.
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O animal, ainda sem nome, foi encontrado numa área ardida onde estava o cadáver de uma fêmea adulta, que se supõe ser sua mãe, contou ao JN Margarida Soares, bióloga do Parque Biológico da Serra da Lousã.
A cria foi entregue naquele parque por elementos da GNR que a encontraram quando andaram a bater o território atingido pelas chamas. Aparentava ter cerca de duas semanas. Não sofrera queimaduras, mas tinha uma ferida que terá sido feita ao bater com a cabeça nas redes, quando tentava sair do espaço onde se encontrava a ser perseguida por cães, disse Margarida Soares.
Os técnicos do Parque Biológico da Serra da Lousã trataram a pequena corça e alimentaram-na duas vezes ao dia, com quase um litro de leite, "colocando o biberão ao alto, para imitar a mãe", lembrou a bióloga. Já come sozinha e foi levada para o parque selvagem, "onde pode correr". Veja o vídeo aqui.
Apesar de já estar "totalmente recuperado", o animal não será devolvido à natureza, porque não sobreviveria, explicou Margarida Soares: "Não vai ter quem lhe ensine a caçar. Acabaria por morrer".
Por enquanto, a nova residente está num espaço vedado, dentro de outro, maior, que vai partilhar com um macho adulto. A ideia é que vá convivendo com os diferentes cheiros e aprendendo com os restantes animais.
Segunda vida para lamas usados em experiências
No Parque Biológico da Serra da Lousã vivem bichos com diversas histórias de sobrevivência. Por exemplo, aves vindas de centros de recuperação, onde deram entrada com cortes nas asas ou chumbos no corpo, e já não sobrevivem por si na natureza, e raposas criadas em cativeiro ou apanhadas em armadilhas.
Entre os habitantes do espaço contam-se até lamas oriundos do Peru que, após terem sido usados em experiências científicas, teriam como destino a morte, se não fossem ali acolhidos.
Além da pequena corça (que se insere no grupo dos gamos e dos veados, mas é, dos cervídeos, o de menor porte), há outro recém-chegado: Nico, uma lontra macho vinda do Fluviário de Mora.
O Parque Biológico da Serra da Lousã, dedicado essencialmente à vida selvagem de Portugal, acolhe ainda linces, lobos, veados, ursos, javalis e diversas espécies de raças autóctones da agropastorícia tradicional.