A Red Bull Air Race aceita manter a prova aérea com o mesmo trajecto dos últimos três anos, isto é, entre as pontes Luís I e Arrábida.
Corpo do artigo
A decisão já foi comunicada à Câmara do Porto e na terça-feira será revelada ao autarca de Gaia Luís Filipe Menezes. Rui Rio já aceitou.
Parece estar com os dias contados a polémica em torno da Red Bull Air Race. Depois da tentativa frustada da prova rumar, este ano, a Lisboa, a celeuma instalou-se sobre o trajecto da corrida. É que os responsáveis pela marca austríaca pretendiam deslocar a corrida para poente, ou seja, entre a ponte da Arrábida e a Foz do Douro, alegando razões de segurança, sobretudo relacionadas com o facto dos aviões serem mais rápidos do que aqueles que foram usados anos últimos anos.
Porém, os argumentos da Red Bull não convenceram. E as câmaras do Porto e de Gaia insistiram na manutenção do trajecto dos últimos três anos, em nome da comercialização da prova e da imagem projectada internacionalmente pelo evento. "Quando falam das questões de segurança, até parece que andamos nos últimos três anos a colocar em risco a segurança das pessoas", referiu ontem, ao JN, Luís Filipe Menezes, ainda incrédulo.
Por isso, o autarca de Gaia foi mais longe e recusou que os aviões sobrevoassem o Estuário do Douro, que foi recentemente classificado como Reserva Municipal Ornitológica. Menezes invocou ainda que está a ser feito um programa de estabilização da escarpa, entre a Arrábida à Afurada, devido a riscos de derrocada.
Por tudo isso, o presidente da Câmara de Gaia reafirmou: "Ou é o trajecto do ano passado ou não é. Não temos qualquer interesse em apoiar um evento fora do município". E revelou-se expectante quando ao que lhe será comunicado pela Red Bull numa reunião a realizar, na próxima terça-feira.
Encontradas "soluções técnicas"
A Red Bull já reuniu, porém, com o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, a quem informou da disposição de manter a prova com o trajecto dos últimos três anos, ou seja, a corrida continua nas ribeiras do Porto e de Gaia, sendo o percurso de obstáculos colocado entre as pontes Luís I e Arrábida.
Segundo apurámos, a marca austríaca terá dito a Rui Rio que encontrou "soluções técnicas" para ultrapassar o problema de segurança, provocado pelo facto dos aviões, que serão usados este ano, serem mais potentes.
Fonte da Câmara do Porto confirmou, ao JN, que essa reunião decorreu no final da semana passada, tendo Rui Rio aceite as soluções apresentadas pela Red Bull, até porque, no essencial, mantém-se o trajecto defendido pela Autarquia, que pressupunha a manutenção da prova na Ribeira.
Pedido plano de pagamentos
Nessa reunião, terá sido confirmado ainda que caberá a cada uma das duas câmaras a atribuição de um apoio de 400 mil euros para a realização da corrida de aviões, aliás o mesmo montante dos últimos anos. Daí que Rui Rio tenha também aceite.
Já Luís Filipe Menezes, que tem vindo a queixar-se de falta de condições orçamentais para apoiar o regresso ao Norte da "Fórmula 1 dos ares", apresentou à Red Bull, no último encontro, uma proposta de responsabilização financeira, com "uma calendarização a quatro anos". "É uma proposta realista face às dificuldades que o país atravessa", disse, ao JN.
Essa proposta poderá passar, assim, pelo pagamento dos 400 mil euros em várias tranches. Na reunião de terça-feira, a Red Bull dirá a Menezes se aceita ou não essa "filosofia de encargos".