Com três anos de atraso, o Ministério da Agricultura iniciou as obras da Rede de Rega do Sabugal. A empreitada no rio Côa faz parte do Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira e vai beneficiar 300 agricultores.
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A ideia remonta a 1966, aquando da criação do Grupo de Trabalho da Cova da Beira, mas ganhou forma com a conclusão da barragem da Senhora da Graça, inaugurada em 2000 pelo então primeiro-ministro António Guterres. Trata-se de construir uma rede de rega abastecida directamente da albufeira, que vai beneficiar cerca de 300 pequenos agricultores do concelho raiano, numa área de 170 hectares de propriedades fragmentadas. O projecto, elaborado pela Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), está orçado em cerca de 1,8 milhões de euros, mas é financiado pelo Quadro Comunitário de Apoio (QCA III), através do programa AGRO, adiantou fonte oficial do ministério.
A tutela espera testar o funcionamento do sistema na próxima campanha de rega. Os terrenos beneficiados situam-se nas freguesias do Sabugal e das Quintas de S. Bartolomeu. Uma parte encontra-se ao longo do rio Côa, até à ponte Sul da cidade, e a restante, significativamente maior, localiza-se nas zonas da Ínsua, Travessas e Paiã.
A área de intervenção é um dos aspectos contestados pela Cooperativa Agrícola do Concelho do Sabugal (CoopCôa). Manuel Rasteiro, da direcção, defende que se "devia bombear a água para onde não há, para as pastagens na colónia agrícola de Martim Rei, o Soito ou Quadrazais, por exemplo".
Opinião diferente tem o presidente da AcriSabugal (Associação de Criadores de Ruminantes), para quem, "muitas vezes, não se sabe usar aquilo que está à disposição". José Freire considera que os regadios "são sempre rentabilizados, em qualquer lado, mesmo que demore muitos anos. Este é por gravidade e os benefícios podem ser ainda maiores".
Um cenário que não vislumbra Manuel Rasteiro, também presidente da Junta de Freguesia do Sabugal: "Com a agricultura de rastos, o que temos hoje são pequenas propriedades, uns 'quintais', porque quem produz em quantidade não consegue vender", lamenta.