Os empresários da restauração do Porto criticam a autarquia pela ausência de medidas específicas de apoio, como as que têm sido lançadas por outros grandes municípios do país para fazer face às dificuldades que o setor atravessa.
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O chef Rui Paula diz-se "estupefacto, admirado e triste" com "esta inércia e falta de solidariedade". "Estranho muito que a autarquia, que incentivou tanto o empreendedorismo na hotelaria e restauração, não tenha tomado uma única medida durante a pandemia, a não ser o alargamento das esplanadas", lamenta o proprietário do DOP, na Invicta.
Aponta como "bons exemplos" o de Matosinhos, onde gere a Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira. O município disponibiliza um serviço de entrega gratuita - a funcionar em articulação com os restaurantes locais e a rede de táxis - que já levou mais de 10 mil refeições e abrange os concelhos limítrofes.
Lisboa, recorda, "tem o programa Protege", que já distribuiu mais de 10 milhões de euros a fundo perdido, às lojas e restaurantes com quebra de faturação e que acaba de ser reforçado com mais 20 milhões.
E ainda há "boas medidas em Gaia ou Oeiras", acrescenta o chef Vasco Coelho Santos, do Euskalduna: "Infelizmente, no Porto, não houve. Mesmo a nível do Governo, agora, as linhas de apoio estão mais rápidas".
Sérgio Cambas, proprietário da Cervejaria Brasão - com três espaços no Porto - e de O Paparico, afirma que "era de esperar mais iniciativa, inovação e criatividade por parte da segunda maior Câmara do país". "E a decisão de alargar as esplanadas foi transversal ao país. O Porto não foi diferente nem melhor, foi igual", sublinha.
Contactada pelo JN, a Câmara portuense explica que "ao contrário do que sucedeu noutros países, nomeadamente em Espanha, entendeu o Governo que todos os estímulos à economia em contexto de pandemia, todas as medidas de apoio, deveriam ser centralizadas, e não territorializadas. Não aumentou a dotação para as autarquias que se viram confrontadas com a significativa perda de receita fiscal e tiveram de assumir um conjunto de encargos com a crise sanitária, em que o Porto claramente se destacou".