Empresários compreendem restrições, mas pedem apoios para sobreviver. Sala de jantar do Grande Porto com cenário desanimador na noite de sábado.
Corpo do artigo
José Manuel Silva não esconde o desânimo ao ver as mesas d'O Gaveto praticamente vazias. É responsável pela gestão do restaurante, instalado há quase quatro décadas em Matosinhos. Na noite de sábado, não houve uma única reserva para jantar. O mesmo aconteceu ao almoço. A proibição de circular entre concelhos e encerramento obrigatório da restauração às 22 horas deixaram a sala de jantar do Grande Porto com muitas mesas por ocupar no fim de semana.
Os proprietários compreendem a necessidade de uma "mão pesada" para conter a pandemia, mas pedem apoios para que o setor possa manter-se à tona. "Se não olharem para nós com olhos de ver, então vamos ter uma catástrofe social. A crise social vai ser muito maior, até porque também nós passamos a ir pedir que nos ajudem e deem a sopa do dia", alertou Zeferino Gonçalves, dono do Dom Zeferino, admitindo uma quebra de 40% no negócio.
À semelhança dos anos anteriores, o restaurante foi decorado a rigor para a "noite das bruxas". No entanto, desta vez, faltaram os clientes. "Estamos no limbo, não sabemos o que é que havemos de fazer. Não sei se entrego a chave ao senhorio, se espero por melhorias", confessou o empresário que, em abril, doou cerca de 300 refeições ao Hospital de S. João.
"Não há ninguém"
A escassos metros, no Tasquinha do Polónia recolhiam-se mesas e cadeiras para encerrar portas. O relógio ainda não marcava as 21 horas. "Não há ninguém para atender. Durante o dia foi a mesma coisa. Com o confinamento de cidade para cidade, as pessoas não vêm", desabafou Jorge Polónia, explicando que "as reservas foram todas desmarcadas" e defendendo apoios para o setor. "Percebo que as medidas são necessárias mas devia haver incentivos para os comerciantes porque também têm muita gente a trabalhar com famílias", referiu.
"Muita dificuldade"
Com uma quebra de 50% na procura, n'O Gaveto tenta-se sobreviver "com muita dificuldade". Na sala, só uma mesa estava ocupada pela família de José Carlos Serralva. "Sinto-me seguro", sublinhou.
Na Central do Churrasco, trabalha-se agora "20% ou 30%" face ao período pré-pandemia. "Não se vê ninguém na rua. Isto faz-me lembrar março, quando fechamos. Tínhamos cinco ou seis mesas. Não adiantava estar aberto", recordou Aurélio Borges, sócio-gerente.