A retirada do busto do escritor Campos Monteiro (1876-1933), natural de Torre de Moncorvo, do seu local de sempre, em frente aos Paços do Concelho, na zona do castelo, está a gerar uma onda de indignação entre os moncorvenses, muitos deles a viver fora da região.
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O assunto tem sido polémico com acesas discussões nas redes sociais lideradas, sobretudo, pelo Movimento de Moncorvenses, que esta manhã de quinta-feira tem uma reunião agendada com a procuradora do Ministério Público de Torre de Moncorvo para dar conta da situação.
O elemento escultórico em bronze e granito, da autoria do escritor José Sousa Caldas, inaugurado em 1938, foi mandado fazer depois de uma subscrição pública lançada pelos moncorvenses após a morte do médico-escritor como forma de agradecimento da população local, consagrando assim a sua memória e dedicação à sua terra natal.
Entretanto, o Movimento de Moncorvenses, constituído por cidadãos oriundos de Torre de Moncorvo, desafia a Câmara Municipal a realizar um referendo sobre a retirada do busto de Campos Monteiro, para a população decidir o futuro da escultura que, até ao momento, não foi reinstalada em lado nenhum.
Nova empresa Águas do Interior Norte também é alvo de queixas
O mesmo movimento pede que seja também referendada a adesão do município à nova empresa multimunicipal Águas do Interior Norte, que tem merecido muitas queixas relacionadas com o aumento da fatura da água. "Há uma grande confusão na hora de tomar decisões. As pessoas queixam-se de que a conta da água aumentou para o dobro ou o triplo porque houve uma decisão tomada sem se medir as consequências", explicou João Marrana, assessor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, natural de Torre de Moncorvo, que falou em nome do Movimento de Moncorveses. Sublinhando que "as pessoas têm direito a opinar sobre o seu futuro", João Marrana acrescentou que o busto do escritor faz parte da "memória coletiva" e da "identidade" da terra, sendo "natural que a população queira saber o que se passa" e pronunciar-se sobre o futuro da escultura.
O busto de Campos Monteiro, que se encontrava há décadas instalado no mesmo local, no castelo, foi retirado há umas semanas, para um suposto restauro, mas a população desconhece qual será o seu destino, uma vez que a zona onde estava instalado está a ser calcetada. O assunto originou grande debate, com muitos moncorvenses a protestar, como é o caso de José Mário Leite, consultor de Ciência na Fundação Champalimaud, que tem manifestado opinião desfavorável de diversas formas, inclusivamente com a produção de poemas.
Até ao momento não foi possível chegar à fala com o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo.