Muitos cancelamentos após anúncio de medidas restritivas. Taxas de ocupação reduzidas. Subida de casos de covid afasta clientes, mas ainda há esperança em marcações de última hora.
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O aumento de casos covid-19 em Portugal e a exigência de testes fizeram esfumar as esperanças num réveillon mais perto da normalidade para hotéis e restaurantes. De norte a sul somam-se cancelamentos, embora haja crença em marcações de última hora. Os empresários vivem na incerteza, mas cientes de que será mais um réveillon muito afetado pela pandemia.
As perspetivas do Turismo do Porto e Norte apontam que para as principais cidades, onde se destaca o Porto, mas englobando outras capitais de distrito como Braga e Vila Real, a taxa de ocupação nas unidades hoteleiras deve ficar-se por uns meros 30%. Mas a afluência aquém do esperado não se generaliza a todo o território. Nas zonas mais rurais, onde predominam o enoturismo e o agroturismo, e até algum alojamento local, são poucas as desistências e a ocupação é de 95%.
No alojamento de turismo rural Casa Alves, em Braga, a ocupação está a 100%, mas falta gente para encher o salão de festas onde cabem mais de cem pessoas. "Como as discotecas vão estar fechadas, acredito que vai haver mais reservas", afirma Celeste Alves.
O otimismo contrasta com o desalento da maioria dos responsáveis hoteleiros de Braga. Há poucos quartos ocupados e, devido às desistências que começaram no início do mês, há quem já tenha cancelado o programa do réveillon.
"Neste momento só vendemos alojamento e pequeno-almoço. Tínhamos o jantar de réveillon praticamente vendido, mas um grupo de estrangeiros desistiu e as reservas individuais também começaram a cancelar", contou o diretor do Villa Garden Hotel. O mesmo cenário foi partilhado pela proprietária do Bracara Augusta Hotel, Ana Costa. Ontem, ainda não tinha a certeza se manteria o programa de final do ano no restaurante Centurium: "Tínhamos 65 pessoas e mais de metade cancelou. Temos dois quartos ocupados". Nos Hotéis Bom Jesus, a ocupação não ultrapassa os 30%, mas são esperados 80 clientes para o jantar de final do ano.
Também em Aveiro a procura está longe do habitual. "A meio do mês, entre os dias 15 e 20, noutros anos já estaríamos cheios. Este ano, já estivemos quase lotados, mas imediatamente a seguir ao anúncio das medidas houve algumas desmarcações", contou Pedro Lobo, proprietário do restaurante Adamastor. Com a lotação para jantar repleta está já o hotel Meliá Ria. Mas, ao contrário de outros anos, ainda tem vários quartos vagos para essa noite. No hotel As Américas, "a lotação ainda está baixa". E no Aveiro Rossio Hostel "as poucas reservas que havia foram quase todas canceladas".
"Varia muito"
"Surgiram cancelamentos, mas também foram feitas novas reservas, que compensaram as desistências e mantêm-se os jantares de réveillon. Os autotestes facilitaram, as pessoas sentem-se mais seguras", disse, por sua vez, Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve.
Quanto às taxas de ocupação hoteleira, considerou "especulativo avançar números". "Varia muito de hotel para hotel e muitos estão encerrados. Nesta altura, as pessoas também decidem em cima da hora, por isso nos próximos dias ainda podem haver mudanças. Posso adiantar que será melhor do que o ano passado, mas ainda pior que em 2019", explicou.
Festas nos hotéis Vila Galé esgotadas
Na capital, as unidades do Vila Galé vão estar preenchidas. "Entre os hotéis do grupo na Grande Lisboa, as festas de réveillon estão já esgotadas nos Vila Galé Cascais, Sintra e Ericeira, restando apenas alguns lugares no Vila Galé Collection Palácio dos Arcos, em Paço de Arcos, e no Vila Galé Ópera, em Alcântara. Não registámos cancelamentos significativos decorrentes do anúncio das novas medidas", foi revelado.
Pormenores
Alerta da AHRESP
Pelas filas nos postos e a escassez de testes, a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares (AHRESP) apelou ao Governo para que o certificado digital seja suficiente para aceder a bares e hotéis.
Uma meta alcançada
O Turismo do Porto e Norte tinha como objetivo para este ano alcançar 50% da taxa de ocupação obtida em 2019, na pré-pandemia, e esse objetivo foi atingido já em outubro.
Apoios do Estado
Por terem ficado sem efeito, nesta quadra, os jantares de empresas, de municípios e serviços públicos, a associação Pro.Var, de restaurantes, vai pedir apoios ao Estado.