O presidente da Câmara de Loures e recandidato pelo PS nas próximas eleições autárquicas, Ricardo Leão, afirmou esta terça-feira que não tem "assuntos tabu", reiterando que será intransigente com construções ilegais no concelho, como no Bairro do Talude.
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"O que estava a acontecer no Talude era um crescimento abrupto, sem controlo, de construções ilegais, que tinham de se estancar depois. É muito injusto dizer-se às pessoas, que infelizmente caíram nessa teia, que um barraco é sinónimo de uma casa nova", afirmou o autarca socialista.
Ricardo Leão falava esta tarde durante um debate com alguns dos candidatos à presidência da Câmara de Loures nas eleições autárquicas de 12 de outubro, organizado pela SIC, no qual participaram também Gonçalo Caroço (CDU - coligação PCP/PEV), Nélson Batista (PSD/CDS-PP), Bruno Nunes (Chega), Luís Sousa (Livre/BE/PAN) e Luís Martins (IL).
Num debate de cerca de 45 minutos, o tema dominante foram as demolições ocorridas em julho no Bairro do Talude Militar e as queixas de falta de soluções para as famílias que viviam nessas casas autoconstruídas.
O candidato do PS e atual presidente da Câmara de Loures assegurou que só dormiram na rua "as famílias que quiseram" e adiantou que já se reuniu com o Governo para encontrar uma solução para o problema das construções precárias no concelho.
"Na semana passada tive uma reunião com o senhor ministro das Infraestruturas e com a secretária de Estado da Habitação e vamos ser um dos primeiros municípios a resolver o problema das barracas no nosso país. Isso só será possível porque nós conseguimos estancar as construções ilegais", apontou.
Relativamente a este tema, tanto o candidato da coligação PSD/CDS-PP, Nélson Batista, como o do Chega, Bruno Nunes, concordaram com a necessidade de existir "tolerância zero com a construção de barracas".
"O que eu faria se fosse presidente da Câmara era uma ação de fiscalização antecipada, de maneira a que elas não possam crescer. Agora, nós temos de erradicar as barracas", defendeu Nélson Batista.
Já Bruno Nunes ressalvou que "o problema do Talude tem 30 anos" e afirmou que "uma barraca não pode ser chamada de casa".
Por seu turno, o candidato da CDU, Gonçalo Caroço, criticou a forma como foi conduzido o processo de demolições no Talude e acusou a atual liderança do executivo de Loures de não aproveitar os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para encontrar respostas na área da habitação.
"Não houve soluções no nosso concelho. Nós tivemos zero novas casas, com o PRR a acabar. Ou seja, perdemos essa oportunidade. E por isso é que esta discussão sobre a questão do Talude serve apenas e só para não discutir os problemas das pessoas", apontou.
Já o candidato Luís Sousa, que encabeça uma coligação formada pelo Livre, BE e PAN, acusou Ricardo Leão de ter um "discurso violento" e lembrou o incómodo causado junto de alguns militantes do PS.
"A forma e o discurso violento acerca de um problema que não precisava de ter uma solução com um discurso violento é aquilo que nos faz ser uma oposição a Ricardo Leão neste momento. E não somos só nós. Há muita gente do PS que se mostrou desconfortável com esses discursos", criticou.
Por seu turno, o candidato da Iniciativa Liberal, Luís Martins, manifestou-se favorável às demolições, sugerindo que em situações similares possam ser dadas, de forma transitória, tendas às famílias que fiquem desalojadas.
"Tendas para dias, contentores para semanas e habitação modular para meses. Se tivermos um grandioso tremor de terra, eu espero que a Proteção Civil tenha onde alojar algumas pessoas. Se estamos a falar de algumas centenas, deve ser possível alojar", comparou.
Em 14 de julho, a autarquia de Loures desencadeou uma operação de demolição de 64 casas precárias e construídas pelos moradores no Talude Militar, onde viviam 161 pessoas, tendo sido demolidas 51 no primeiro dia e outras quatro no segundo.
A operação foi entretanto suspensa após o despacho de um tribunal de Lisboa, na sequência de uma providência cautelar interposta por 14 moradores.
Além destes candidatos, concorrem à presidência da Câmara de Loures João Gomes (ADN) e Isabel Elias (MPT).