Primeiro Centro Tecnológico Especializado do concelho nasce na Escola Secundária D. Afonso Henriques, em Vila das Aves. Surgirão mais quatro.
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São três as salas equipadas com materiais de alta tecnologia - computadores, robôs, impressoras 3D, braços robóticos, óculos de realidade virtual - que passarão a ser o local de aprendizagem dos alunos de ensino profissional. O Centro Tecnológico Especializado da Escola Secundária D. Afonso Henriques, em Vila das Aves, no concelho de Santo Tirso, foi o primeiro de cinco centros a ser inaugurado no município.
O estabelecimento, que contou com um investimento de 1,8 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), permitirá a todos os estudantes do agrupamento desenvolver competências de informática e robótica.
À primeira vista, os carrinhos pousados sobre o tapete cheio de cores e formas parecem brinquedos. Mas não são carrinhos nem brinquedos, são robôs, alguns deles com inteligência artificial, e fazem parte do leque de materiais de trabalho que os estudantes do Agrupamento de Escolas D. Afonso Henriques vão poder utilizar a partir do próximo ano letivo. O Centro Tecnológico Especializado (CTE) de Informática da Escola Secundária D. Afonso Henriques, inaugurado no passado dia 30 de junho, é direcionado, sobretudo, aos estudantes do curso de Gestão de Programação de Sistemas Informáticos.
"O primeiro objetivo é formarmos os alunos que optam pelo ensino profissional com competências adequadas ao mercado de trabalho. Por isso é que temos um centro tecnológico com equipamentos topo de gama, para quando os alunos acabarem o curso, ingressarem nas empresas e serem capazes de responder às necessidades", explica Severina Fontes, diretora do Agrupamento de Escolas D. Afonso Henriques.
No entanto, o centro permitirá que todos os alunos da escola, incluindo os estudantes do ensino regular, e até mesmo de todo o agrupamento, possam trabalhar as áreas da informática e da robótica. "Temos de preparar os alunos para aquilo que é a sociedade e, hoje em dia, sem informática quase não conseguimos trabalhar. Estes centros vieram responder a uma necessidade das escolas: tínhamos equipamentos obsoletos e agora temos alta tecnologia que lhes permite ganhar competências", sublinha a diretora.
Computadores mortos
Num dos pavilhões da escola, que foi transformado no centro tecnológico, há três salas equipadas com cerca de 90 computadores e dezenas de materiais, para que os alunos possam pôr em prática os conhecimentos que vão adquirindo ao longo do curso.
"Tínhamos apenas um laboratório com os computadores que iam ficando "mortos" na escola, que os alunos podiam montar e desmontar e tentávamos ir de encontro às ferramentas usadas nas empresas. Fazíamos os cabos de rede e depois íamos à ficha experimentar se o cabo funcionava ou não. Agora, temos equipamentos que testam logo se está a passar o sinal em cada um dos cabos. São mesmo ferramentas utilizadas nas empresas e não é em qualquer uma", esclarece Sílvia Cunha, professora de informática.
Nas salas completamente renovadas, há impressoras 3D, braços robóticos, máquinas de corte a laser, óculos de realidade virtual, kits com materiais de manutenção, drones programáveis, computadores e sistemas de videovigilância, que os alunos vão poder montar e instalar sozinhos. É tudo novo e "muito estimulante", quer para os alunos como para os professores, que poderão adaptar as aulas e pôr em prática muitos dos conteúdos lecionados. "Os alunos vão poder experimentar uma diversidade imensa de programação, embora esta seja de raciocínio lógico, vão poder aplicar as linguagens de formas diferentes em cada um dos robôs", acrescenta a professora.
Combater estigma
No último período letivo, os estudantes já começaram a trabalhar com algumas das funcionalidades do CTE e, além disso, ajudaram na montagem do espaço. "Os alunos têm estado supermotivados e tem sido muito gratificante ver a reação deles e o empenho nestas tarefas", conta Sílvia Cunha.
Os cursos profissionais sofrem do estigma de que só são opção para os alunos com mais dificuldades ou carenciados. Para Severina Fontes, é fundamental que se quebre o preconceito, a começar pela escola e pelos alunos. "Estes cursos não podem, nem devem, ser vistos como cursos de segunda escolha e espero que estes centros tenham, de facto, um contributo positivo para isso. Para os alunos sentirem que são alunos como os outros, que não são menos importantes. Apenas optaram por caminhos diferentes. Se não fossem importantes, não estariam aqui investidos 1,8 milhões de euros", conclui a diretora do agrupamento.
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Centros especializados
Com o objetivo de aumentar a qualidade de formação profissional e de combater as desigualdades sociais, o Governo irá instalar 396 Centros Tecnológicos Especializados (CTE) em escolas de todo o país, num investimento de 480 milhões de euros.
Outras escolas
No município de Santo Tirso serão criados mais quatro centros: um centro de informática e um centro industrial no Agrupamento de Escolas Tomaz Pelayo, um centro digital no Agrupamento de Escolas D. Dinis e um centro de informática no Instituto de Formação Profissional Albino Sousa Cruz.
Aulas tecnológicas na Área Metropolitana do Porto
Gondomar
O município tem um centro no Agrupamento de Escolas de Gondomar e um centro na Escola Profissional de Gondomar. Será criado um novo espaço no Agrupamento de Escolas de Rio Tinto.
Oliveira de Azeméis
O Centro Tecnológico de Informática da Escola Ferreira de Castro e o Centro Industrial da Escola Soares Basto serão inaugurados em setembro. Será construído também um Centro de Informática da Escola Soares Basto.
Valongo
Vão ser edificados três centros tecnológicos: um Centro Industrial e um Centro de Informática na Escola Secundária de Valongo e um Centro de Informática na Escola Secundária de Ermesinde.
Maia
O Agrupamento de Escolas de Águas Santas tem um Centro Tecnológico de Robótica, o Agrupamento de Escolas da Maia tem dois centros (informática e robótica), a ETAP - Escola Profissional tem dois industriais e a Escola Profissional Novos Horizontes tem três na área da informática e industrial.
São João da Madeira
A Escola Serafim Leite terá três centros tecnológicos: um de Informática e outro Industrial, que serão inaugurados em setembro, e um de Energias Renováveis.
Paredes
Há um Centro Tecnológico Especializado em Informática no Agrupamento de Escolas de Vilela.
Arouca
Será construído um Centro Tecnológico na Escola Secundária de Arouca, orientado para as áreas de eletrónica e telecomunicações, cozinha e pastelaria, e restaurante e bar.
Vila do Conde
No município, existem cinco centros: dois de informática na Escola Secundária D. Afonso Sanches e na Escola Profissional de Vila do Conde, dois industriais na Escola José Régio e na Escola Profissional de Vila do Conde e um de renováveis na Escola Profissional de Vila do Conde.
Póvoa de Varzim
Serão edificados dois centros na Escola Secundária Rocha Peixoto, um na área da Informática e o outro na área Industrial.
Gaia
Há dez centros nas áreas de Energias Renováveis, Informática, Digital e Industrial nas escolas secundárias António Sérgio, dos Carvalhos, Diogo Macedo e Inês de Castro, na Básica e Secundária de Canelas e nas Escolas Profissionais do Infante e de Gaia.
Matosinhos
Foram aprovados oito centros nas áreas Industrial, Informática e Energias Renováveis.