Pequenos recitais com visitas a várias igrejas visam divulgar e valorizar o vasto e rico património existente na Área Metropolitana do Porto.
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Depois do sucesso do ano passado, com a participação de mais de 900 pessoas, o Roteiro dos Órgãos Históricos do Porto volta a acontecer, mais uma vez integrado no Festival Internacional de Órgão e Música Sacra. O objetivo é dar a conhecer as igrejas da cidade e proporcionar pequenos recitais em cada uma delas. No âmbito do festival, a grande novidade deste ano é a Aldeia Dó Mi Sol, projeto destinados aos mais novos: os sons dos instrumentos musicais vão surgindo entre as palavras e dando voz a cada uma das personagens.
O roteiro começou ontem com os recitais e a visita às igrejas de São Bento da Vitória e dos Carmelitas, mas será esta manhã que os visitantes poderão entrar gratuitamente na "caixa dourada" - a Igreja de Santa Clara, cujos órgãos, assim como o restante espaço, foram recentemente restaurados. O recital estará a cargo dos organistas Gregório Gomes & Samuel Pinto. O espetáculo é às 11 horas, seguindo depois os participantes para a Igreja de S. Lourenço, conhecida por Igreja dos Grilos. Ali, o responsável pelo pequeno concerto será Vasco Soeiro, o mesmo que pelas 15 horas tocará na igreja privativa da Santa Casa Misericórdia do Porto.
"O objetivo, para além da divulgação dos órgãos, é proporcionar uma visita às igrejas e durante os percursos, nas deslocações a pé, que as pessoas troquem impressões umas com as outras, não sobre futebol nem sobre telenovelas, mas sobre aquilo que acabaram de ver e ouvir. Vão falar sobre cultura", salienta Filipe Veríssimo, diretor artístico e fundador do Festival Internacional de Órgãos e Música Sacra.
Este grande evento - que visa promover e valorizar o vasto e rico património organístico da diocese e da Área Metropolitana do Porto, estimular o interesse pela música sacra vocal e de órgão e atrair novos talentos - está a decorrer até ao dia 6 de novembro. Porto, Maia, Valongo, Gondomar, Arouca, Oliveira de Azeméis e Felgueiras são os municípios que vão receber os cerca de 30 concertos, quatro master classes e uma conferência, envolvendo mais de cem intérpretes nacionais e internacionais. O programa inclui dois recitais (os únicos pagos) na Casa da Música, com o interprete belga Joris Verdin.
programação infantil
"Para além de assinalarmos o bicentenário de César Franck, grande compositor de música para órgão do século XIX, temos o que consideramos ser a menina dos nosso olhos em termos de programação, que é a Aldeia Dó Mi Sol", explica Filipe Veríssimo. Trata-se de uma sessão para crianças onde os habitantes da aldeia - a Dona Chica, o Barnabé, o João e muitos outros - surgem na narração da história, nas imagens e nas improvisações de cada instrumento. A cada personagem corresponde uma conhecida canção infantil.
Saber mais
Algumas joias para descobrir
Santa Clara
No lado da Epístola, a igreja apresenta o órgão histórico da autoria do padre Lourenço da Conceição.
S. Bento da Vitória
Possui um órgão histórico de tipo ibérico, da autoria de Frei Manuel de São Bento (datado de 1720).
S. Lourenço
Mais conhecida por Igreja dos Grilos, o templo dispõe de um órgão histórico de tipo ibérico e que foi restaurado em 1998.
Misericórdia
Possui um órgão com um teclado manual e pedaleira da autoria de António José dos Santos Júnior, construído em 1888.
Detalhes
50 órgãos históricos
O Porto possui um património "ímpar", de grande qualidade e valor, o que motiva este festival internacional. Todas as informações em www.fioms.pt.
Quatro sinfónicos
Além dos históricos, a cidade possui quatro grandes e modernos órgãos sinfónicos: na Sé Catedral e nas igrejas de Cedofeita, da Lapa e de Nossa Senhora da Conceição, na Praça do Marquês.
Gosto pela música
A região teve, a partir do século XVIII e até à Primeira República, forte interesse pela música sacra, existindo muitos construtores de órgãos, organistas e compositores. Não apenas na área da diocese mas nos arredores, destacando-se os órgãos do Convento de Arouca e o do Mosteiro de Pombeiro, em Felgueiras.