Se uma artéria do Porto servisse de modelo à evolução do comércio da cidade, a Rua do Almada seria a candidata ideal. Por lá, percebem-se as mudanças de dinâmica ocorridas nos últimos anos no que diz respeito aos modelos de negócio, com novas atividades a conviverem de perto com outras tradicionais e com várias que, não sendo veteranas, se adaptaram aos novos tempos sem perderem a identidade original.
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Praticamente todas as portas da Rua do Almada são de um estabelecimento comercial, sejam velhas lojas de ferragens, restaurantes, cafés, hotéis, lavandarias, bares, entre outras, umas mais discretas, outras com fortes chamarizes para captar clientela.
Na decana Monteiro, Guimarães & Irmão, um mundo à parte abre-se aos olhos de quem lá entra. Ferramentas e o mais variado material relacionado com a construção e atividades similares ocupam o pequeno espaço, em prateleiras onde parece caber quase tudo. "As vendas têm corrido bem e o movimento de rua ajuda a isso. Nota-se cada vez mais gente a circular, sejam portugueses ou estrangeiros que visitam a cidade", contam os funcionários Rafael Maria e Raquel Teixeira, enquanto atendem clientes que não param de fazer pedidos.
de geração em geração
Do mesmo se apercebe Carlos Martins, que continua o legado da casa Chaves Martins, alguns números acima. "Dou continuidade ao que o meu pai fundou", explica, personificando o caráter familiar do negócio, uma das características que ainda predomina nos espaços mais antigos espalhados pela cidade. "Os principais clientes são do Porto, somos um negócio de proximidade. Isto, apesar da falta crescente de habitantes típicos, não há tantos como os que havia dantes", afirma.
Lojas houve, também, que foram obrigadas a sair da Rua do Almada, mas não foram para uma localização longínqua. A Casa Cofil, inaugurada em 1986, deslocou-se entretanto para a vizinha Rua de Ramalho Ortigão, onde é chamariz para clientes de sempre e ainda para turistas.
"Neste período pós-covid nota-se claramente o aumento do movimento turístico. "O verão passado foi excelente, assim como o Natal", resume Paulo Maia, um dos funcionários do estabelecimento, que se dedica à venda de iluminação e material elétrico e sempre esteve em mãos familiares.
vendas online
"Os estrangeiros que nos visitam acham interessante a forma diferenciada e original como temos expostos os nossos produtos e alguns aproveitam para comprar, além de nos pedirem referências para depois poderem realizar aquisições online, o que vem sendo cada vez mais habitual", conta Paulo Maia.
Mais um sinal de que o Porto, depois do período complicado da pandemia, respira novamente bulício e atividade. E que tal se reflete no comércio, que volta a sorrir com o movimento que lhe fugira à força e regressa ao ponto de onde fora obrigado a sair por motivo de força maior.