Rede social chinesa cresce exponencialmente em Portugal e contava, em abril, com 2,8 milhões de utilizadores. Ganhou um milhão num ano.
Corpo do artigo
Não é nenhum miúdo e muito menos youtuber, ator ou comediante. O "rei" do TikTok em Portugal é Rui Carlota, um técnico auxiliar de fisioterapia - natural de Coruche, a residir em Almeirim - que sempre teve o "bichinho" de ser criador de conteúdos. Com mais de 4,7 milhões de seguidores, o português de 35 anos lidera confortavelmente o top com mais 1,8 milhões de seguidores de vantagem sobre o segundo classificado, o influenciador digital Bruno Almeida, de 25 anos.
A rede social chinesa, que permite a criação de vídeos curtos, com dança, música, desafios e partidas, continua a crescer exponencialmente em Portugal e contava, em abril, com 2,8 milhões de utilizadores no nosso país. Trata-se de um acréscimo de cerca de um milhão de seguidores, quando comparado com o período homólogo de 2020. Hoje assinala-se o Dia Mundial das Redes Sociais.
"O facto de começar a ser cada vez mais conhecido perturba-me um bocadinho, mas agora já está", começa por contar Rui ao JN, ainda sem entender bem como é que isso aconteceu. Tudo começou em dezembro de 2019, quando a covid ainda parecia um problema distante. "Lá na clínica, havia duas miúdas de 15 anos muito espevitadas de volta de uma aplicação no telemóvel que eu nunca tinha ouvido falar. Acabei por instalá-la e fiquei viciado".
Durante o primeiro confinamento, Rui colocava dois a três vídeos por dia. "Agora, faço um vídeo por semana", conta. Na altura, eram os vídeos de zombies que dominavam as suas criações e alguns até chegaram a ser bloqueados por conteúdo violento ou explícito.
Apoio da família
"A minha ideia era fazer uma página com conteúdos não originais", revela. Foi a partir do primeiro milhão de seguidores que Rui começou a aparecer e a dar a cara. A comédia e o drama mantiveram-se nos vídeos e, à medida que foi crescendo em popularidade, foi despertando o interesse das marcas. Sobre a monetização dos vídeos, Rui não detalha o rendimento que obtém. "Já rejeitei algumas. As marcas dão prestígio, mas não são uma prioridade para mim. Claro que se forem atrativas e se fizerem sentido, sempre são uns trocozinhos que se ganham."
Hoje, reconhece que manter um número tão elevado de seguidores não é fácil. "Tens de ter conteúdo de qualidade. Não posso chegar ali e meter qualquer coisa", confessa. A família vê com bons olhos a brincadeira, mas nem sempre foi assim: "Ao início, fui criticado. Ainda há muita gente em Portugal que pensa que o TikTok é só para miúdos".
Apesar de agora se "divertir", Rui confessa que o TikTok já mexeu com o seu "psicológico": "Já pensei em apagar a conta". Embora seja "rei" na aplicação, não se deixa envaidecer: "Vou continuar com os pés bem assentes no chão. Tenho a vida estabilizada. Não penso viver do TikTok".
Saber mais
Mais feminina
"O TikTok ainda é uma rede nova e está a passar por aquilo que o Instagram passou há quatro anos, quando andávamos a dizer aos clientes que tínhamos que ir para o Instagram", constata Paulo Rossas, especialista em redes sociais e diretor de Inovação da Lisbon Digital School. No que diz respeito à demografia, pouco ou nada mudou desde maio de 2020 nesta rede social: 66% dos utilizadores em Portugal continuava, em abril deste ano, a ser mulheres. Já quanto à faixa etária, há muito que o TikTok deixou de ser uma moda entre os adolescentes: 93% dos utilizadores tinham até 44 anos.
800 mil utilizadores
Em janeiro de 2021, havia 7,8 milhões de utilizadores ativos de redes sociais em Portugal.
YouTube à cabeça
O YouTube (7 milhões), o Facebook (6,3 milhões) e o Facebook Messenger (5,1 milhões) lideram o ranking das redes com mais alcance de audiência. Há ainda outras plataformas na corrida, como é o caso do Instagram (4,8 milhões), do LinkedIn (3,5 milhões), do Pinterest (1,63 milhões), do Snapchat (1,1 milhões) ou do Twitter com 1,1 milhões, respetivamente.